Mitologia Greco Romana

A deusa Afrodite é a personificação do Amor e da Formosura, da Graciosidade, da Fertilidade, do Prazer e da Alegria da Vida.

No panteão romano é Vênus e foi venerada, também, como uma deusa Militar. O império romano assimilou a mitologia e de toda a cultura grega, perpetuando-as.

Domando o próprio vencedor a Grécia

Introduzio no agreste Lacio as artes.Satyras e Epístolas, Horácio, traduzida por Antonio Luiz de Seabra.

É a filha de Zeus e de Dione (Homero; Teogonia, Hesíodo); é a virgem nascida da espuma do Mar - o Mar é personificado pela deusa primordial Talassa, filha de Éter e Hemera (Fabulae, Higino) -, onde os desígnios do deus Urano, médea (Hesíodo. Teogonia. A Origem dos Deuses, de Jaa Torrano), caíram e flutuaram por um longo tempo (Hesiodo, Teogonia), e dos respingos sobre a Terra, nasceram as Erínias - as implacáveis auxiliares da Justiça, enlouquecedoras da consciência dos deuses e dos mortais que a violam, principalmente dos que cometem crime contra a própria família -, os Gigantes e as Ninfas Melias (Teogonia, Hesíodo).

Os deuses e os homens a chamaram Afrodite - por ter nascido na espuma -, Cyprogenes - por ter nascido na ondulante Chipre -, Cytherea - por ter crescido na espuma e ter chegado a Cythera -, e foi reverenciada pelos deuses Eros e Himeros, levada ao lar dos deuses, cuja honra foi-lhe dada desde o princípio, sendo-lhe atribuido, entre os homens e os deuses eternos, os sussurros das donzelas, os sorrisos e os enganos com doçura, amor e graciosidade (Hesiodo, Teogonia).

A deusa Afrodite presenteia gentilmente aos Homens

Of Cytherea, born in Cyprus, I will sing. She gives kindly gifts to men: smiles are ever on her lovely face, and lovely is the brightness that plays over it.Hino Homérico a Afrodite, traduzido por Hugh G. Evelyn-White.

Enquanto a deusa Afrodite ascendia do Mar o deus do Amor, Eros, estava ali para recebê-la e, também, a deusa Peito, que personifica a Persuasão e a Sedução, que a coroou (Pausanias, Descrição da Grécia). Chipre é o domínio da deusa Afrodite, em cujo Mar o vento do oeste a trouxe sobre a espuma branca e foi recebida pelas Horas, que a adornaram celestialmente, com roupas, jóias de ouro e oricalco, da mesma maneira que as deusas Horas se vestem quando vão à casa de seu pai, para onde foi levada, os quais a acolheram dando-lhe as mãos, surpreendidos com tanta beleza (Hino Homérico a Afrodite).

She clothed herself with garments which the Graces and Horai had made for her and dyed in flowers of spring - such flowers as the Horai wear - in crocus and hyacinth and flourishing violet and the rose's lovely bloom, so sweet and delicious, and heavenly buds, the flowers of the narcissus and lily. In such perfumed garments is Aphrodite clothed at all seasons.

Then laughter-loving Aphrodite and her handmaidens wove sweet-smelling crowns of flowers of the earth and put them upon their heads - the bright-coiffed goddesses, the Nymphs and Graces, and golden Aphrodite too, while they sang sweetly on the mount of many-fountained Ida. Ciprias, Estasino de Chipre, traduzido por Hugh G. Evelyn-White

Nascida em Chipre (Hesíodo, Teogonia; Hino Homérico a Afrodite), as ondas do Mar ou o deus do Vento, Zéfiro (O Livro de Ouro da Mitologia. A Idade da Fábula. Thomas Bulfinch. Traduzido por David Jardim Júnior), levaram a deusa Afrodite para Citera (Odisseia, Homero; Pausânias).

A deusa Afrodite nasceu já adulta, não teve infância, erguendo-se das águas do Mar, flutuando sobre uma concha de vieira, de madrepérola, levando-a para as margens - Chipre, onde a devoção ao seu culto se iniciou. O nascimento da deusa Afrodite foi celebrizado na obra de Apeles, "Venus erguendo-se da água do Mar", e está descrito no livro História Natural, de Plínio, o Velho.

  • Apeles

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    Apeles foi o retratista oficial de Alexandre, o Grande (História Natural, Plínio, o Velho), tornando-se parte de sua comitiva. Alexandre, o Grande, tinha consciência do valor da propaganda, para legitimar seu poder, precocemente educado nas artes da guerra e da política, na filosofia, na paidéia.

    Alexandre, o Grande, portava a Ilíada, de Homero, para onde quer que fosse, a qual era

    encadernada em ouro, cuidadosamente acondicionada em um porta-jóiasHermes: a Divina Arte da Comunicação, de Francisco Viana.

    Foi, também, retratista de Filipe II, rei da Macedônia, em cujo reinado passou o melhor tempo de sua vida (A Dictionary of Greek and Roman biography and mythology. By various writers. Ed. by William Smith).

    Plutarco, Ariano de Nicomedia, Quinto Cúrcio e Heródoto foram os biógrafos de Alexandre.

    O império de Alexandre foi disputado pelos seus generais, em vários conflitos chamados Guerras dos Diádocos ou Guerra dos Sucessores de Alexandre.

    Profecia sobre Alexandre, o Grande, e seus descendentes

    An oracle on Alexander the Great

    But Macedonia will bring forth a great
    affliction for Asia
    an a very great grief for Europe will spring
    up
    from the race of Cronos (Alexander claimed to be a son of Zeus Ammon after his visit to the shrine of the God in Egypty in 332 B.C.), the progeny of
    bastards and slaves.
    She will conquer even the fortified city of
    Babylon.
    Having been called mistress of every land
    which the sun beholds,
    she will perish by evil fate,
    leaving a name among her much-wander
    ing posteritty.


    An oracle on Alexander and his descendants

    Also at a certain time there will come to the prosperous land of Asia
    a faithless man clad with a purple cloak on his shoulders,
    savage, stranger to justice, fiery. For a thunderbolt beforehand
    raised him up, a man. But all Asia
    will bear an evil yoke, and the earth, deluged, will imbibe much gore.
    But even so Hades will attend him in everything though he knows it
    not.
    Those whose race he wished to destroy,
    by them will his own race be destroyed.
    Yet leaving one root, which the destroyer will also cut off
    from ten horns, he will sprout another shoot on the side.
    He will smite a warrior and begetter of a royal race
    an he himself willl perish at the hands of his descendants in a conspiracy
    of war,
    and then the horn growing on the side will reign.
    Old Testament Pseudepigrapha, Volume One, by James H. Charlesworth

Ovídio escreveu:

Foi ela que deu o germe das plantas e das árvores, foi ela que reuniu nos laços da sociedade os primeiros homens, espíritos ferozes e bárbaros, foi ela que ensinou a cada ser a unir-se a uma companheira. Foi ela que nos proporcionou as inúmeras espécies de aves e a multiplicação dos rebanhos. O carneiro furioso luta, às chifradas, com o carneiro. Mas teme ferir a ovelha. O touro cujos longos mugidos faziam ecoar os vales e os bosques abandona a ferocidade, quando vê a novilha. O mesmo poder sustenta tudo quanto vive sob os amplos mares e povoa as águas de peixes sem conta. Vênus foi a primeira em despojar os homens do aspecto feroz que lhes era peculiar. Dela foi que nos vieram o atavio e o cuidado do próprio corpo.

Para os filósofos, no sec. V a.C., a deusa Afrodite com o epiteto Afrodite Urânia, é a Afrodite nascida da espuma do Mar; com o epiteto Afrodite Pandemos, ou Afrodite Pandemia, cujos pais são Zeus e Dione (Symposium, Platão), era venerada em Atenas porque trazia unidade política e social.

Para os neoplatonicos, Afrodite Urânia é a Afrodite Celestial, enquanto que Afrodite Pandemos, ou Afrodite Pandemia, é a Afrodite Popular.

Pausanias, em Description of Greece, escreveu:

There are wooden images of Aphrodite at Thebes so ancient that they are said to have been dedicated by Harmonia, and to have been made out of the wooden figure-heads of Cadmus' ships. One of them is called heavenly, another Vulgar, and the third Averter. These surnames were given to Aphrodite by Harmonia. She called the goddess Heavenly, in reference to a love pure and free from lust; she called her Vulgar, in reference to the intercourse of the sexes; and she called her Averter, in order that she might turn away mankind from lawless desires and unholy deeds.

O personagem Pausânias discursa sobre o amor Afrodite em o O Banquete, de Platão, ou Simpósio,

(...)Todos, com efeito, sabemos que sem Amor não há Afrodite. Se portanto uma só fosse esta, um só seria o Amor; como porém são duas, é forçoso que dois sejam também os Amores. E como não são duas deusas? Uma, a mais velha sem dúvida, não tem mãe e é filha de Urano, e a ela é que chamamos de Urânia, a Celestial; a mais nova, filha de Zeus e de Dione, chamamo-la de Pandêmia, a Popular. É forçoso então que também o Amor, coadjuvante de uma, se chame corretamente Pandêmio, o Popular, e o outro Urânio, o Celestial. Por conseguinte, é sem dúvida preciso louvar todos os deuses, mas o dom que a um e a outro coube deve-se procurar dizer. Toda ação, com efeito, é assim que se apresenta: em si mesma, enquanto simplesmente praticada, nem é bela nem feia. Por exemplo, o que agora nós fazemos, beber, cantar, conversar, nada disso em si é belo, mas é na ação, na maneira como é feito, que resulta tal; o que é bela e corretamente feito fica belo, o que não o é fica feio. Assim é que o Amar e o Amor não é todo ele belo e digno de ser louvado, mas apenas o que leva a amar belamente.

Ora pois, o Amor de Afrodite Pandêmia é realmente Popular e faz o que lhe ocorre; é a ele que os homens vulgares amam. E amam tais pessoas, primeiramente não menos as mulheres que os jovens, e depois o que neles amam é mais o corpo que a alma, e ainda dos mais desprovidos de inteligência,(...)

Mesmo a Afrodite Urania, a deusa Celestial inflige pena aos mortais, quando ofendida

Irada com a ação dos soldados citas, a deusa enviou uma doença para aqueles que haviam saqueado o templo de Ascalão, e o castigo estendeu-se a toda sua posteridade. Os Citas acreditam ser essa doença uma punição pelo sacrilégio, e os estrangeiros que viajam pelo país podem observar o estado daqueles a quem os habitantes chamam de “enareus”.Historias, Heródoto, traduzido por J. Brito Broca

Aos poetas, desde Homero, era a deusa dourada, a deusa amiga dos sorrisos (filomeida; philommeidés), ou a deusa de doce sorriso (glicimelicos; glykymeílikhos).

Os deuses Afrodite e Apolo simbolizam uma natureza repleta de Mocidade e Esplendor, que parece pertencer-lhes.

Na Iliada - Homero -, Helena a elogia pela encantadora beleza e brilho dos olhos.

Para as Cárites, que personificam a Graça e Sedução e as Horas, as quais a educaram, personifica a Amabilidade e Bençãos do Espírito do Crescimento.

Por onde a deusa Afrodite pisa com seus delicados pés, nascem flores (Homero; Hino Homérico a Afrodite).

A deusa Afrodite brinda a primeira mulher mortal, Pandora, com todos seus próprios atributos (Hesíodo).

A deusa Afrodite era dada à vaidade, ao mau humor, à susceptibilidade, à explosões de raiva, nesses momentos usava a arma que fazia parte de sua própria natureza: o Amor.

Era a rival de Perséfone pelo amor do lindo Adônis.

Hipólito, filho de Teseu e Hipólita, era devoto da deusa Artemis, e Afrodite, ofendida, causou uma intriga envolvendo seus pais, que o expulsou e invocando os poderes do deus Poseidon, causou-lhe um acidente que lhe custou a vida.

Pigmaleão, rei de Chipre (Ovídio, Metamorfoses; Pseudo-Apolodoro, Biblioteca), era também um escultor, e esculpiu uma linda mulher, em beleza e pudor, pela qual se apaixonou, pois que não encontrava em Chipre, uma mulher com esses dotes.

A deusa Afrodite apiedando-se de Pigmaleão e atendendo seu pedido, transformou a estátua em uma mortal, dos quais nasceu Pafos (Metamorfoses, de Ovídio).

  • Pigmaleão, rei de Chipre e escultor

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    Ele tinha passado pelo sofrimento de saber que seu filho, Thrasius, tinha sido sacrificado pelo seu irmão Busíris, filho de Netuno, rei do Egito, em cujo país estava tendo fome, devido à seca de nove anos. O rei Busíris já tinha consultado oráculos na Grécia e o próprio Thrasius deu oráculo que choveria, se um estrangeiro fosse oferecido ao sacrifício (Fabulae, Higino).

Um rapsodo, Demódoco, cantou, na sala de Alcínoo, rei dos Feácios, filho de Nausítoo, na recepção em homenagem a Odisseu, seu hóspede (xeînos), cumprindo o ritual da Xenía, o amor entre os deuses Afrodite e Ares.

  • Aedo

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    O aedo ou mesmo o rapsodo antes de qualquer apresentação Invocava as Musas, as quais lhe cantavam o presente, o passado e o futuro, que lhe eram revelados para que nada passasse despercebido, filhas de Mnemosine, deusa que personifica a Memória, e Zeus, o qual transmite Força e Poder, das quais se considerava apenas um Instrumento. As Musas inspiravam-lhe a concepção dos acontecimentos, com riqueza de detalhes, fatos atemporais jamais presenciados por eles. O templo das Musas era o Museion. Personificavam as Artes e a Ciência.

    O aedo era o compositor que cantava seus próprios temas, de lendas, tradições e épicos na Hélade, acompanhados de instrumentos musicais como o forminx, lira, cítara.

    O rapsodo era o intérprete das obras, e se apresentava com um ramo de loureiro em sua mão, em honra ao deus Apolo, e também um bastão, desacompanhado de instrumentos musicais.

    Eles se apresentavam em praça pública onde aconteciam os Festivais de Rapsódia.

    Demódoco e Fêmio são os rapsodos, personagens na obra de Homero, este foi um famoso aedo e cantor.

    As obras de Homero, as quais eram as preferidas, eram cantadas pelo rapsodo, que durante a apresentação faziam antes review da obra e do seu autor preservando, assim, os valores da memória histórica (familiar, política, social, economica) do período homérico, transmitidas oralmente, de geração a geração. Íon, como se constata na obra homônima de Platão, o poeta Homero detém a sua preferência em suas apresentações, do qual técnicamente é especialista.

    Os escritores e todos os artistas eram Inspirados pelas Musas.

    • Demódoco

      And summon hither the divine minstrel, Demodocus; for to him above all others has the god granted skill in song, to give delight in whatever way his spirit prompts him to sing.Odisséia, Homero
      atua cantando tres canções:
      1. O desacordo que ocorre entre Ulisses e Aquiles, em Tróia;
      2. Os convidados apreciam o canto, exceto Ulisses que chora ao ouvir a narrativa e procura esconder seu bonito rosto sob o seu manto.

      3. Canta o amor entre o deus Ares e a deusa Afrodite;
      4. O aedo na terceira canção por ele prometida cantaria o Cavalo de Madeira e o saque à Tróia.
      5. Dessa vez Ulisses cobriria a cabeça com o manto, envergonhado, para que os convidados não percebessem seu choro.

        Todas as vezes Ulisses pegaria sua taça de vinho e derramaria libações (Homero, Odisséia) aos deuses.

        Somente o rei Alcinous percebe a emoção de Ulisses e pergunta-lhe, finalmente, quem ele é, pois até então lhe era totalmente um desconhecido

        This stranger — I know not who he is — has come to my house in his wanderings,Odisséia, Homero
    • Fêmio é o aedo, em Ítaca, incumbido de entreter os pretendentes de Penélope, diante da ausência de Ulisses.

    • Há outros dois aedos, um na corte de Agamenon e outro na de Menelau, que ficaram nesses reinos para entreter a família, enquanto acontece a Guerra de Tróia. Os aedos/rapsodos jamais participavam de guerra.
    • Aquiles, Helena, Hesíodo e Ulisses também são citados como aedos.

O deus Hefesto ficou rancorosamente magoado com a traição e por ainda prevalecer essa dor, presenteou no casamento de Harmonia, uma esplêndida jóia, o colar e uma roupa, como vingança, para que seus descendentes não fossem felizes.

From their embrace Harmonia was born, and to her Minerva [Athena] and Vulcanus [Hephaistos] gave a robe ‘dipped in crimes’ as a gift. Because of this, their descendants are clearly marked as ill-fated.Fabulae, Hyginus

Esse casamento, de Harmonia (Nono de Panópolis, Dionisiaca), filha de Afrodite e Ares, e Cadmo, fundador e rei de Tebas, foi realizado na terra e todos os deuses desceram do Céu, trouxeram seus presentes e jantaram com os noivos (Diodoro).

Europa, irmã de Cadmo, ou Hefesto (Diodoro; Hesiodo; Homero; Apolodoro), ou mesmo sua mãe Afrodite ou Atena (Diodoro), ou Cadmo (Apolodoro), a teriam presenteado esse colar e a túnica.

Qualquer um que os possuísse, ao qual foi atribuído o epiteto Colar de Harmonia, também, seria objeto de infortúnios.

Alguns dos personagens que foram atingidos por terem tido em mãos esse colar:

  • Semele;
  • Agave;
  • Autonoe;
  • Polidoro;
  • Polinices;
  • Alcmaeon;
  • Arsinoe;
  • Erifila;
  • Fegeo;
  • Calírroe;
  • Aqueloo;
  • Phayllus;
  • Esposa de Ariston.

O colar teria atributos mágicos, posteriormente obteve o epiteto Colar de Erifila, e quem o possuísse ficaria jovem para sempre.

And Anaximenes of Lampsacus, in the first of those works of his, called Histories, says that the necklace of Eriphyle was so notorious because gold at that time was so rare among the Greeks ; for that a golden goblet was at that time a most unusual thing to see; but that after the taking of Delphi by the Phocians, then all such things began to be more abundant.
But Onomarchus and Phayllus and Phaleecus not only carried off all the treasures of the god, but at last their wives carried off also the ornaments of Eriphyle, which Alcmseon consecrated at Delphi by the command of the god*, and also the necklace of Helen, which had been given by Menelaus. For the god had given each of them oracles : he had said to Alcmseon, when he asked him how he could be cured of his madness —
You ask a precious gift, relief from madness;
Give me a precious gift yourself; the chain
With which your mother buried, steeds and all,
Your sire, her husband, brave Amphiaraus.

And he replied to Menelaus, who consulted him as to how he might avenge himself on Paris —
Bring me the golden ornament of the neck
Of your false wife; which Venus once did give
A welcome gift to Helen; and then Paris
Shall glut your direst vengeance by his fall.

And it so fell out that a violent quarrel arose among the women about these ornaments— which should take which. And when they had drawn lots for the choice, the one of them, who was very ugly and stern, got Eriphyle's necklace, but the one who was conspicuous for beauty and wanton got the ornaments of Helen ; and she, being in love with a young man of Epirus, went away with him, but the other contrived to put her husband to death.
The Deipnosophists, Athenaeus, traduzido por C. D. Yonge

Quando tomou ciência de que o deus Ares havia se unido à deusa Eos, que personifica a Aurora - filha de Hiperião e Teia -, fez com que esta fosse acometida de muitas paixões, todas elas culminando em grandes tristezas.

A deusa Afrodite dominada pela inveja da beleza de Psique arquiteta-lhe planos que são cumpridos por esta, vencendo todas as dificuldades para ficar com o deus Eros.

Os deuses da mitologia grega eram imortais, mas sujeitos cada qual ao seu destino, era-lhes impossível obliterar, tinham todos os vícios e defeitos dos mortais, eram semelhantes aos mortais, ambos possuíam thymós.

Homero e Hesíodo atribuíram aos deuses tudo o que para os homens é vergonha: roubo, adultério e fraudes recíprocas. Mas os mortais imaginaram que os deuses são engendrados, têm vestimentas, voz e forma semelhantes a eles. — Xenófones de Cólofon.

Entre os usos e tradições observados pelos Persas, vale ressaltar os seguintes: não costumavam erguer estátuas, nem templos, nem altares; tratavam, ao contrário, de insensatos os que assim procediam; e isso, na minha opinião, porque não acreditam terem os deuses forma humana. Fazem, todavia, sacrifícios a Júpiter no alto da montanha e dão o nome desse deus à abóbada celeste. Fazem ainda sacrifícios ao Sol, à Lua, à Terra, ao Fogo, à Água e aos Ventos, e juntam a isso o culto de Vênus Urânia, que herdaram dos Assírios e dos Árabes. Os Assírios dão à deusa o nome de Milita; os Árabes, o de Alita, e os Persas chamam-na de Mitra.Histórias, Heródoto

  • Deuses

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    Nos primórdios dos tempos, no seu Universo primordial, o povo da antiguidade, tinha medo da grandeza destruidora dos fenomenos da natureza e dos mistérios da sua própria natureza humana e dos animais, das plantas, e tudo o mais, que estavam além do seu conhecimento.

    Sentia-se desamparado.

    Qualquer evento, por menor que fosse, era interpretado como um presságio, bom ou mal.

    Estava impossibilitado de compreender o poder dessa natureza e suas causalidades. Era-lhe sobrenatural, multívoco. Cognitivamente, foi formulando hipóteses sobre esses elementos da intempérie, as quais e tudo o mais que havia na Natureza nos primórdios lhe pareciam estar revestidos de poderes divinos.

    The Athenians, however, because the disease was so severe, ascribed the causes of their misfortune to the deity. — Diodorus Siculus, Library
    This portent was sent by heaven, as I suppose, to be an omen of the ills that were coming on the world. — Herodotus, The Histories

    Por isso, quando coletava alimento, usava as peles, dentes, penas, plantas, enfim tudo que lhe trazia benefício e acreditava que atraía para si as energias da natureza desses elementos, como força, agilidade, destreza, atribuindo-lhe a personificação de um deus e consequentemente um epiteto.

    Até à prática de hospedagem atribuía ao divino - conhecer a Hélade que transmite seus conceitos e História dessa época - Idade das Trevas - e região é indispensável para um melhor entendimento da utilidade da mitologia, das forças e da natureza, das noções morais e de asserções morais ou filosóficas - que alicerçavam as bases das famílias e das polis -, e até mesmo de acontecimentos que pertencem àquela civilização.

    Após questionamentos racionais foi evoluindo à formação da Filosofia da Natureza.

    1. Zeus é o deus dos raios e trovões. O Senhor de todos os deuses e do Céu. Os raios eram as lanças forjadas pelos Gigantes Ciclópes de um olho só, que o deus Zeus lançava oportunamente.
    2. Deuses do Vento

    3. Éolo era o deus que presidia os deuses do Vento (Odisséia, Homero).

      Quando Odisseu decidiu partir, foi presenteado com um saco de couro em que todos os deuses dos Ventos estavam presos, com exceção do deus do Vento Oeste, que o levaria de volta para sua casa (Odisséia, Homero). Mas seus marinheiros abriram o saco soltando esses deuses do Vento, porque acreditavam que estava recheado de tesouro, levando-os de volta ao lar do deus Éolo, o qual irritado expulsou-os (Odisséia, Homero).

    4. Cada deus do Vento personificava uma direção cardinal:

    5. Boreas é o deus do Vento Norte, personifica o frio do Inverno;
    6. Zéfiro é o deus do Vento Oeste, personifica a suave brisa da Primavera;
    7. Noto é o deus do Vento Sul, personifica as tormentas do Outono e do Verão;
    8. Euro é o deus do Vento Leste, personifica o ar do Leste.
    9. Kaikias é o deus do Vento Nordeste;
    10. Apeliotes é o deus do Vento Sudeste;
    11. Lips é o deus do Vento Sudoeste;
    12. Siroco é o deus do Vento Noroeste.

    Esses deuses do Vento estão esculpidos no friso da Torre dos Ventos, construída por Andrônico de Cirro, no ano 50 a.C., na ágora de Atenas.

    São personagens no Eneida, Virgilio.

  • Homero, "O Educador da Hélade"

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    Todos os mortais e os deuses obedeciam, entre outros, esses conceitos - que eram regras de ética da sociedade da Hélade, pressupondo ter recebido uma educação apropriada, que os guiavam em seu comportamento social e religioso (Homero, Cicero, Platão, Hesíodo) -, ethos, hubris (hybris), aidós, asebeia, díke, dorophágoi, pseúdea, gónos, ákhos, phthonos, atimia, nemesis, arché, diktat, areté, aristói, alethéa, ate, aei, xenia - exemplos na Ilíada e na Odisséia -, agathós, hén, kaké, pánta, kalokagathia, sophíe, eunomíe, xeinoi, etc.

    Os mortais compartilhavam espontâneamente suas aflições e aspirações com os deuses, e cada qual os honrava com toda devoção, cujos deuses lhe davam amparo e não se mostravam onipotentes, transcendentes, eram oniscientes e onipresentes na vida desses mortais.

    Heitor Repreende Paris

    Loco, te equivocas al amacenar amargo rencor en tu thymós

    A deusa Hera Pergunta ao deus Poseidon (Homero)

    ¿no siente el thymós de tu phrén piedad por los agonizantes troyanos?

    Ulisses Quer Saber o que Causou a Morte de sua Mãe

    "(...)Não me matou, no palácio, a frecheira hábil com os seus suaves dardos;
    nem me sobreveio alguma enfermidade que me levasse dos membros o vigor, por causa de um doloroso definhamento. Mataram-me saudades de ti, cuidados a teu respeito, preclaro Ulisses, e a minha ternura para contigo. Assim falou ela;
    e eu quis, comovido, abraçar a alma da minha defunta mãe. Três vezes me lancei para ela, pois o coração impelia-me a abraçá-la, e outras três se evolou dentre os meus braços, como uma sombra ou como um sonho. No meu coração, a dor tomou-se mais acerba e dirigi-lhe estas palavras ardentes: Minha mãe, porque me foges, quando desejo abraçar-te? Mesmo no Hades, abraçando-nos, desafogaríamos a nossa dor cruel! Acaso enviou-me a ilustre Perséfona uma sombra vã, só para redobrar os meus tormentos? Assim falei;
    e a minha veneranda mãe retorquiu-me: - Ai, filho! Tu és o mais infeliz de todos os homens! Perséfona, a filha de Zeus, não te engana. Este é o destino dos mortais, apenas morrem: os tendões não seguram mais as carnes nem os ossos, que se tornam presa da força do fogo ardente, desde que o vigor abandona a ossatura branca; e a alma, depois de se evolar, esvoaça, em volta, como um sonho.(...) (Odisséia, Homero. Tradução, prefácios e Notas pelos Padres E. Dias Palmeira e M. Alves Correia).

    Homero, em Ilíada, XVI, vv. 466 a 469

    Joga em segundo lugar a hasta longa e brilhante Sarpédon
    sem que no inimigo acertasse indo a lança possante encravar-se
    na pá direita de Pédaso o qual relinchando jogou-se
    a estrebuchar no chão duro exalando nas vascas o espírito.

    Encontro de Pátroclo, já morto, com Aquiles

    Sepulte-me depressa, para que eu possa entrar pelos portões do Hades. Pois os espíritos me mantém distante, os fantasmas dos homens que me impedem, nem permitem que eu me junte a eles para além do rio, mas em vão eu ando pela casa fechada do Hades.

    Homero, em Odisseia, XI, vv. 221-222

    Quando a vida se retira da óssea brancura também a psique bate leves asas e se dissolve como um sonho(...)

    Agamemnon se Queixando (Homero)

    Freqüentemente inculpavam-me os fortes argivos; contudo,
    culpa não tenho nenhuma, senão, tão somente, Zeus grande,
    a fatal Moira e as Erínias que vogam nas trevas espessas.
    Uma cegueira feroz me ensejaram tais deuses no peito,
    ao qual me fez no conselho, Pelida privar do alto prêmio.
    Como pudera eu reagir? São os deuses que tudo dispõem.
    A culpa é filha de Zeus, deusa excelsa que os homens conturba,
    nume funesto de pés muito leves, que terra não roça,
    ao caminhar, mas passeia sobre a cabeça dos homens,
    ocasionando tropeços. Até seres mais altos enleia(...)

    Fenix Aconselhando Aquiles (Homero)

    A ti me enviou o velho escudeiro Peleu, no dia em que, para Agamenon, te mandou de Ftia, menino ainda, sem experiência da guerra igual para todos, nem das assembléias em que se fazem notar os homens. Enviou-me para ensinar-te tudo isso, para tornar-te apto a falar e capaz de agir(...)

    Aquiles lembrando as recomendações de seu pai (áristos, aretái, Homero)

    Mandou-me para Tróia, recomendando-me com insistência que fosse sempre valente e superior aos outros, a fim de não envergonhar a linhagem paterna, a mais conceituada em Éfira e na vasta Lícia(...)

    Ulisses ao seu Anfitrião (Homero)

    Meu hóspede, tu não falaste com discrição; pareces-me um louco. Como se vê, os deuses não concedem a todos os homens iguais dons: aspecto, engenho ou eloqüência. A um falta-lhe a beleza do corpo, mas a divindade outorga-lhe a palavra. Por isso todos se comprazem em vê-lo, quando fala na assembléia com firmeza e com modéstia encantadora, que o distingue dos demais; e, se vai pela cidade, olham-no como a um deus. Outro, na aparência, iguala os imortais, mas a graça não irradia das suas palavras, como sucede contigo, cujo aspecto é magnífico e a quem até um deus não formaria melhor; falta-te, porém, o espírito

    Hesíodo Aconselhando Perses Evitar Ganhos Indevidos

    O Trabalho
    A ti boas coisas falarei, ó Perses, grande tolo!
    Adquirir a miséria, mesmo que seja em abundância é fácil;
    plana é a rota e perto ela reside.
    Mas diante da excelência, suor puseram os deuses imortais,
    longa e íngreme é a via até ela,
    áspera de início, mas depois que atinges o topo fácil desde então
    é, embora difícil seja.
    Homem excelente é quem por si mesmo tudo pensa,
    refletindo o que então e até o fim seja melhor;
    e é bom também quem ao bom conselheiro obedece;
    mas quem não pensa por si mesmo nem ouve o outro é atingido no ânimo;
    este, pois, é homem inútil.
    Mas tu, lembrando sempre nosso conselho, trabalha, ó Perses, divina progênie,
    para que a fome te deteste e te queira a bem coroada
    e veneranda Deméter, enchendo-te de alimentos o celeiro;
    pois a fome é sempre do ocioso companheira;
    deuses e homens se irritam com quem ocioso vive; na índole
    se parece aos zangões sem dardo, que o esforço das abelhas, ociosamente
    destroem, comendo-o;
    que te seja caro prudentes obras ordenar, para que teus
    celeiros se encham do sustento sazonal.
    Por trabalhos os homens são ricos em rebanhos e recursos e, trabalhando,
    muito mais caros serão aos imortais.
    O trabalho, desonra nenhuma, o ócio desonra é.
    Se trabalhares para ti, logo te invejará o invejoso porque
    prosperas; à riqueza glória e mérito acompanham.
    Por condição és de tal forma que trabalhar é melhor,
    dos bens de outrem desvia teu ânimo leviano e, com trabalho,
    cuidando do teu sustento, como te exorto.
    Vergonha não boa ao homem indigente acompanha.
    (Vergonha que ou muito prejudica ou favorece aos homens).
    Vergonha é com penúria e audácia é com riqueza.
    Bens não se furtam, dons divinos são muito melhores.
    Pois, se por força, alguém toma nas mãos grande bem
    ou se com a língua pode consegui-lo, como não é raro
    acontecer, quando o proveito ilude a inteligência
    dos homens, ao respeito o desrespeito persegue.
    Facilmente os deuses obscurecem
    e aminguam a casa do homem
    e por pouco tempo a prosperidade o acompanha
    Os Trabalhos e os Dias, Hesíodo

    Hesíodo se Dirige a Perses e aos Juízes, os Quais Aceitaram Suborno

    (...) Tu, ó Perses, escuta a Justiça e o Excesso não amplies!
    O Excesso é mal ao homem fraco e nem o poderoso
    facilmente pode sustentá-lo e sob seu peso desmorona
    quando em desgraça cai; a rota a seguir pelo outro lado
    é preferível: leva ao justo; Justiça sobrepõe-se a Excesso
    quando se chega ao final: o néscio aprende sofrendo.
    Bem rápido corre o Juramento por tortas sentenças
    e o clamor de Justiça, arrastada por onde a levam os homens
    comedores-de-presentes e por tortas sentenças a vêem!
    Ela segue chorando as cidades e os costumes dos povos
    [vestida de ar e aos homens levando o mal]
    que a expulsaram e não a distribuíram retamente.
    Àqueles que a forasteiros e nativos dão sentenças
    retas, em nada se apartando do que é justo,
    para eles a cidade cresce e floresce o povo;
    sobre esta terra está a paz nutriz de jovens e a eles
    não destina penosa guerra o longevidente Zeus:
    nem a homens equânimes a fome acompanha nem
    a desgraça: em festins desfrutam dos campos cultivados;
    a terra lhes traz muito alimento; nos montes, o carvalho
    no topo traz bálanos e em seu meio, abelhas;
    ovelhas de pêlo espesso quase sucumbem sob sua lã;
    mulheres parem crianças que se assemelham aos pais;
    sem cessar desabrocham em bens e não partem
    em naves, pois já lhes traz o fruto a terra nutriz.
    Àqueles que se ocupam do mau Excesso, de obras más,
    a eles a Justiça destina o Cronida, Zeus longevidente.
    Amiúde paga a cidade toda por um único homem mau
    que se extravia e que maquina desatinos.
    Para eles do céu envia o Cronida grande pesar:
    fome e peste juntas, e assim consomem-se os povos,
    as mulheres não parem mais e as casas se arruínam
    pelos desígnios de Zeus olímpio; outras vezes ainda
    ou lhes destrói vasto exército e muralha ou
    navios em alto mar lhes reclama o Cronida.
    E também vós, ó reis, considerai vós mesmos
    esta Justiça, pois muito próximos estão os imortais
    e entre os homens observam quando lesam uns aos outros
    com tortas sentenças, negligenciando o olhar divino.
    E trinta mil são sobre a terra multinutriz
    os gênios de Zeus, guardiães dos homens mortais;
    são eles que vigiam sentenças e obras malsãs,
    vestidos de ar vagam onipresentes sobre a terra.
    E há uma virgem, Justiça (Díke), por Zeus engendrada,
    gloriosa e augusta entre os deuses que o Olimpo têm
    e quando alguém a ofende, sinuosamente a injuriando,
    de imediato ela junto ao Pai Zeus Cronida se assenta
    e denuncia a mente dos homens injustos (adíkon) até que expie
    o povo o desatino dos reis que maquinam maldades e
    diversamente desviam-se, formulando tortas sentenças.
    Isso observando, alinhai as palavras, ó reis
    comedores-de-presentes (dorophágoi), esquecei de vez as tortas sentenças!
    A si mesmo o homem faz mal, a outro o mal fazendo:
    para quem a intenta a má intenção malíssima é.
    O olho de Zeus que tudo vê e assim tudo sabe
    também isso vê, e se quiser, vê e não ignora
    que Justiça (díken) é esta que a cidade em si encerra.
    Agora eu mesmo justo entre os homens não quereria ser
    e nem meu filho, porque é um mal homem justo ser
    quando se sabe que maior Justiça terá o mais injusto.
    Mas espero isto não deixar cumprir-se o tramante Zeus!
    Tu, ó Perses, lança isto no teu peito:
    a Justiça escuta e o Excesso esquece de vez!
    Pois esta lei aos homens o Cronida dispôs:
    que peixes, animais e pássaros que voam
    devorem-se entre si, pois entre eles Justiça não há;
    aos homens deu Justiça que é de longe o bem maior;
    pois se alguém quiser as coisas justas proclamar
    sabiamente, prosperidade lhe dá o longevidente Zeus;
    mas quem deliberadamente jurar com perjúrios e,
    mentindo, ofender a justiça, comete irreparável crime;
    deste, a estirpe no futuro se torna obscura,
    mas do homem fiel ao juramento a estirpe será melhor”(...)
    Os Trabalhos e os Dias, Hesiodo

    Xenófanes de Cólofon Cultiva a Sabedoria

    Mas se alguém alcançar a vitória com a velocidade
    dos pés, ou do pentatlo, - onde fica o santuário de Zeus,
    junto das águas de Pisa, em Olímpia – ou na luta,
    ou porque sabe a arte dolorosa do pugilato,
    ou ainda num concurso terrível, chamado o pancrácio,
    será mais ilustre à vista dos seus concidadãos,
    terá o lugar de honra mais aparatoso nos jogos,
    e alimentação a expensas públicas
    da sua cidade, e uma dádiva, que será para ele um tesouro.
    E, se ganhar com cavalos, tudo isto ele obterá,
    sem ser tão digno como eu. Pois melhor do que a força
    de homens e corcéis é a nossa sabedoria.
    É isso um modo de pensar leviano, e não é justo,
    preferir a força à notável sabedoria.
    Pois nem que vivesse entre o povo um notável pugilista,
    ou um homem hábil no pentatlo ou na luta,
    ou na corrida, que tem a preferência,
    e tantos atos de força demonstrasse no combate,
    nem por isso a cidade estaria em melhor ordem.
    Pequeno prazer seria para a urbe
    alguém que vencesse nas provas das margens do Pisa.
    Pois não é isso que enche os cofres da cidade(...)

Diante da necessidade, os que honravam esses deuses procediam cerimonias, ofertas votivas - em caso de cura de doença, uma realização muito desejada -, e libações (Homero, Odisséia) para a realização de suas necessidades e agradecimentos, por isso resultando um mesmo deus com muitos epitetos.

  • Epitetos da Deusa Afrodite

    Leia+

    1. Aligena
    2. Ambologera
    3. Anaduomene
    4. Androphonos
    5. Anosia
    6. Apatouros
    7. Apostrophia
    8. Apostrophia
    9. Aphrogeneia
    10. Aphrogenês
    11. Areia
    12. Basilis
    13. Dia
    14. Diôniaia
    15. Dios thugatêr
    16. Dôritis
    17. Eleemon
    18. Enoplios
    19. Epipontia
    20. Epistrophia
    21. Epitragidia
    22. Epitumbidia
    23. Euplois
    24. Euploia
    25. Eustephanos
    26. Genetullis
    27. Hôplismenê
    28. Kallipugos
    29. Kallisti
    30. Kataskopia
    31. Khruse
    32. Khryseê
    33. Kupris
    34. Kuprogenes
    35. Kuthereia
    36. Kythereia
    37. Kyprogenês
    38. Kyprogeneia
    39. Kypris
    40. Limenia
    41. Makhanitis
    42. Mechanitis
    43. Melainis
    44. Morpho
    45. Nikêphoros
    46. Nymphia
    47. Ourania
    48. Pandemos
    49. Paphia
    50. Paphiêv
    51. Pasiphaessa
    52. Pelagia
    53. Philommeidês
    54. Philomeidês
    55. Potnia
    56. Psithyristês
    57. Skotia
    58. Suriê theos-Syrian Goddess
    59. Summakhia
    60. Symmakhia
    61. Tumborukhos
    62. Xenia
    63. Vesticordia, em Nove Livros de Feitos e Dizeres Memoráveis, de Públio Valério Máximo, ou Valério Máximo.

Teve o filho Enéias, com Anquises, pelo qual apaixonada, foi em direção à Tróia - com o epiteto Ida, cujo nome derivou o nome do Monte Ida - acompanhada pelos animais.

Ela transtorna até mesmo o juízo de Zeus, o deus dos raios, o mais
poderoso de todos os Imortais; e embora seja tão sábio, a deusa faz dele o que quer.
(...) Quando escala o Ida de mil fontes, seguem-na, acariciando-a,
lobos cinzentos, fulvos leões, ursos, velozes panteras,(...)
Hino Homérico a Afrodite; Mitologia Grega, vol. 1,Juanito de Souza Brandão

O epiteto é um adjetivo qualificativo, que ressalta as características e qualidades virtuosas, ou não, dos deuses, que a Enéias, filho de Afrodite e Anquises, foi-lhe atribuído as qualidades morais: Virtus, Pietas, Fides, cujo personagem tornou-se o exemplo maior seguido em todo o império romano (Eneida, Virgilio), ressaltando suas outras virtudes morais, como Pax, Aurea Mediocritas, Otium Cum Dignitate, Romanitas, Virtus, Religio.

A deusa Afrodite predisse a Anquises que teriam um filho e seu destino, cujo nome seria Enéias, e reinaria entre os troianos,

So she spake. And he awoke in a moment and obeyed her. But when he saw the neck and lovely eyes of Aphrodite, he was afraid and turned his eyes aside another way, hiding his comely face with his cloak. Then he uttered winged words and entreated her:

“So soon as ever I saw you with my eyes, goddess, I knew that you were divine; but you did not tell me truly. Yet by Zeus who holds the aegis I beseech you, leave me not to lead a palsied life among men, but have pity on me; for he who lies with a deathless goddess is no hale man afterwards.”

Then Aphrodite the daughter of Zeus answered him: “Anchises, most glorious of mortal men, take courage and be not too fearful in your heart. You need fear no harm from me nor from the other blessed ones, for you are dear to the gods: and you shall have a dear son who shall reign among the Trojans, and children's children after him, springing up continually. His name shall be Aeneas,1 because I felt awful grief in that I laid me in the bed of a mortal man: yet are those of your race always the most like to gods of all mortal men in beauty and in stature.
Hino Homérico a Afrodite.
  • Os epitetos de Enéias e de Apolo

    Leia+

    1. Ingens;
    2. Heros (Iliada, Homero);
    3. Pius (Eneida, Virgilio);
    4. Pater (Eneida, Virgilio).

    Ao deus Apolo foi-lhe atribuído vários epitetos.

Os conflitos entre esses que os honravam culminavam em influência sobre os deuses, os quais escolhiam quem apoiar, como na Guerra de Tróia, no julgamento de Orestes, etc.

A deusa Afrodite tem poder sobre deuses e os mortais, e sobre as aves do céu e todas criaturas que se movem sobre a terra, o céu e a água. As deusas Atena, Artemis, e Hestia estão imunes de sua influência. Mas ela obriga Zeus amar as donzelas mortais. Ele, por sua vez, inseriu a paixão em seu coração, de modo que ela poderia amar um mortal, e não podendo se orgulhar de sua conquista sobre os deuses (Hino Homérico a Afrodite).

Torna-se mais irresistível quando usa o cinto de ouro, o Cestus, que o deus Hefesto confeccionou e a presenteou, o qual inspira o amor.

A deusa Afrodite é um dos poucos deuses cuja ação é o estopim para a eclosão de uma guerra, a Guerra de Tróia.

Eris, a personificação da Discórdia - a única deusa que não foi convidada ao casamento de Peleu e da ninfa Tétis - ressentida com os deuses, atirou o Pomo de Ouro, ou o Pomo da Discórdia, onde se realizava o banquete, no qual estavam gravadas as palavras "à mais bela" (Biblioteca, Pseudo-Apolodoro).

O deus Zeus se recusou a julgar entre Hera, Atena e Afrodite, a mais bela, e transferiu a decisão à Páris, príncipe de Tróia, (é Alexandre, em Historias, Heródoto, traduzido por J. Brito Broca), filho do rei Príamo com a rainha Hécuba). Cada deusa ofereceu à Páris um suborno:

  • Hera, prometeu-lhe que seria um poderoso governante;
  • Atena, que ele alcançaria grande fama militar;
  • Afrodite, que ele teria o amor da mulher mais linda do mundo.

Páris declarou Afrodite como a mais bela e escolheu como prêmio Helena, a esposa do rei Menelau. O rapto de Helena por Páris foi a causa da Guerra de Tróia.

E à custa da minha beleza, se é beleza o que causa desgraça,
Cípria, ao prometer que Alexandre comigo casaria,
vence. [...]
Não era eu, porém, que determinava o vigor dos Troianos
nem o meu nome era para os Helenos prêmio de lança.
Hermes, tomando-me nas dobras da bruma,
envolta numa nuvem - pois me não esquecera
Zeus - instalou-me no palácio de Proteu, em que me encontro,
escolhendo o mais virtuoso dos mortais,
a fim de manter incólume o meu leito para Menelau.
Helena, Eurípedes

Mesmo com a proteção da deusa Afrodite e dos deuses, Ares, Apolo, Ártemis e Leto, os troianos foram vencidos pelos aqueus, e Tróia foi destruída (Iliada, Homero).

A deusa Afrodite orientou Enéias, seu filho mortal, a fugir com sua família, os sobreviventes, levando os Lares e Penates, pois estava predestinado a reviver as glórias de Tróia em outras terras, viajando errantes pelo Mediterrâneo, fundando outras cidades, até à península itálica, onde seus descendentes fundaram Roma (Eneida, Virgílio; Iliada, Homero).

Afrodite, Venus, orientou Enéias em sua viagem ao Lácio celestialmente: a estrela vespertina, ou seja, Venus (Virgílio).

Julio Cesar, no discurso fúnebre de sua tia Júlia, tornou pública a linhagem da sua família, Julia ou Iulia, descender de Afrodite, Venus, e Otaviano deu continuidade a essa ancestralidade, então imperador Augustus, cultuando a memória de Julio Cesar, como propaganda - sim à essa época, os imperadores e os líderes, religiosos e políticos, já usavam propaganda para firmarem positivamente suas lideranças diante do povo, desde a antiga Grécia.

Ascânio, ou Iulo, Iulus (Virgílio), Julus (Virgílio), foi o fundador de Alba Longa, e de uma dinastia de reis e Amúlio e Numitor foram a sétima geração após Enéas (Floro, O Período dos Sete Reis, começando com Rômulo).

Aeneas would then have struck Achilles as he was springing towards him, either on the helmet, or on the shield that covered him, and Achilles would have closed with him and dispatched him with his sword, had not Poseidon lord of the earthquake been quick to mark, and said forthwith to the immortals, "Alas, I feel grief [akhos] for great Aeneas, who will now go down to the house of Hades, vanquished by the son of Peleus. Fool that he was to give ear to the counsel of Apollo. Apollo will never save him from destruction. Why should this man suffer grief [akhos] when he is guiltless, to no purpose, and in another's quarrel? Has he not at all times offered acceptable sacrifice to the gods that dwell in heaven? Let us then snatch him from death's jaws, lest the son of Kronos be angry should Achilles slay him. It is fated, moreover, that he should escape, and that the race of Dardanos, whom Zeus loved above all the sons born to him of mortal women, shall not perish utterly without seed or sign. For now indeed has Zeus hated the blood of Priam, while Aeneas shall reign over the Trojans, he and his children's children that shall be born hereafter.

A deusa, Vênus (Eneida, Virgilio), instilou o Amor na rainha Dido, para que se apaixonasse por Enéias.

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A deusa Anfitrite personifica o Mar, é filha de Nereu e de Doris (Teogonia, Hesíodo), uma Nereida (Bibliotheca, Pseudo-Apollodorus), e esposa de Posidão, e seus filhos são Tritão (Hesiodo, Apollodorus e Hyginus), Bentesicime (Apollodorus), Kymopoleia (Hesiodo) e Rode (Apollodorus) - desse seu nome derivou o nome da ilha de Rodes (Pseudo-Apollodorus, Bibliotheca). As Focas, em Odisseia, de Homero, e os Golfinhos em Sobre a Natureza dos Animais, de Cláudio Eliano ou Eliano, são descendentes de Anfitrite.

EmBiblioteca Mitológica, de Pseudo-Apolodoro, Anfitrite é uma Oceânide, filha de Oceano e Tétis. Para Pindaro, Poseidon é gran dios del mar, marido de Anfítrite, diosa del huso dorado.

No panteão romano é a deusa Salácia.

A deusa Salácia foi homenageada, por ter atendido às preces do povo português, à época sob dominação do império romano, que foram atacados por piratas, os quais ao se porem no oceano foram atingidos por uma tempestade e naufragaram.

  • Homenagem à deusa Salacia

    Leia+

    O fato está narrado no livro Supplemento ao vocabulario portuguez e latino que acbou de sahir a luz anno de MDCCXXI, de autoria de Rafael Bluteau.

    SALACIA. É o nome de uma famosa Ninfa, antigamente dos Portugueses muito venerada, cujo riquissimo Templo foi saqueado, e destruido por Bogud, Rei Africano, cruel assolador da Lusitania. Em lembrança, e agradecimento de um notável caso, atribuído à proteção dessa Ninfa, o Imperador Octaviano mandou reedificar o Templo arrasado, e à nova povoação, que se foi ajuntando ao redor dele, lhe deu privilégio de Município, isentando os moradores de todo o genero de tributo, que se lançasse em Lusitania. E para mais exaltar o nome da Ninfa, e perpetuar a fama do caso, mandou que a dita povoação se chamasse Salacia, e fosse Cidade Imperial, debaixo da proteção imediata dos Imperadores Romanos; e assim lhe chama Plinio, Salacia, Urbs Imperatoria, lib. 4. cap. 22. Segundo Resende, in Vincentio, Alcacer do Sal se chamou Salacia, por respeito do nome da Ninfa, e não (como quiseram alguns) das muitas Salinas, que ali há; e estes mesmos, ou outros, requintando etimologias derivam o nome Salacia da palavra Solaz; que quer dizer Desenfadamento; e para corroborarem a sua opinião, afirmam se fundou aquela Vila de umas casas de prazer, em que certos senhores vinham alguns meses do ano ter recreação, e passatempo nas pescarias daquele rio, e concorrendo muita gente ao próprio exercício, se fez a Cidade Salacia derivada de Solacium, ou Solatium. Nosso Camões fez a esta Ninfa namorada de Netuno, e mãe de Tritão, seu Embaixador, em uns versos dos teus Lusíadas, dizendo:

    Tritão, que de ser filho se gloria,

    Do Rei, e de Salacia veneranda,

    Era mancebo, alto, negro, e feio,

    Trombeta de seu pai, e seu correio,

    De como antigamente Lisboa foi chamada Salacia.

    Vid. Historia Eclesiastica de Lisboa, de D. Rodrigo da Cunha, parte I.cap.16.

Compartilha com a deusa Tétis o epiteto Halosidne (Iliada e Odisseia, Homero).

Pausanias, em Descrição da Grécia, viu uma estátua de Anfitrite, no templo de Posidão, no istmo de Corinto.

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Apolo é filho de Zeus e de Leto, o deus do Sol, do Dia, da Luz e da Verdade, da Cura, da Música, da Poesia, da Vida Política (Hesychius of Alexandria).

O deus Apolo demonstra respeito e acato ao seu pai, Zeus:

Possa a lira me ser cara, e também o arco encurvado, e para os homens eu proclamarei em oráculos o infalível conselho de Zeus.Hino homérico a Apolo, Homero

Sua vestimenta é uma longa túnica, típica dos sacerdotes gregos, e na cabeça um ramo do loureiro, mirto ou oliveira, plantas essas que lhe são sagradas.

O poder do deus Apolo e mesmo sua vestimenta estimularam, atemporalmente, o imaginário de muitos que almejaram o poder, a glória, ou mesmo para representar uma liderança, qualquer que fosse, que foram perpetuados no tempo.

No panteão romano é o deus Febo, mas foi honrado no império romano, também como Apolo.

Alguns dos festivais em honra ao deus Apolo:

  1. Gymnopaedia, a Apolo Pitio, Artemis e a mãe, Leto, em Esparta, de conotação religiosa, cujos participantes eram somente os jovens, que exibiam suas capacidades atléticas e marciais, com cantos e danças (Corybantian), representações mímicas, as artes poética e musical;
  2. Thargelia, a Apolo Delio e Artemis, na época de seus aniversários,
  3. The Encyclopedia Britannica;
  4. Metageitnia, a Apollo Metagitnio, comemorado em Delos, Éfeso, Atenas, Samos e Mileto, — De exilio, Plutarch;
  5. Delia, a Apolo Delio - era o deus particular dos dórios -, na ilha de Delos, — Homeric Hymn to Apollo;
  6. At Delos the god had an altar composed entirely of goats' hornsTheseus, Plutarch, Callimachus, Thucydides
  7. Actia, a Apollo Actio/Apollo Actius, em Actium, Epiro, era celebrado no Templo de Apolo -
    In earlier times also the Actian Games were wont to be celebrated in honor of the god by the inhabitants of the surrounding country - games in which the prize was a wreathGeography, Strabo -,
    antes da conquista pelos romanos - na Batalha de Áccio ou Ácio, de um lado Octaviano, e de outro Cleopatra, apoiada por Marco Antonio, em 2 de setembro, 31 a.C.; esta batalha marcou o poder, a supremacia da frota naval dos romanos no Mediterrâneo; diante dessa vitória, em 28 a.C., fundou a cidade de Nicopolis, a Cidade da Vitória, próxima a Actium, simbolizando a unificação do império romano; Otaviano, em 27 a.C., recebeu o título de Augusto do senado romano -;
  8. The Ambraciots and Anactorians, colonists of Corinth, were taken away by the Roman emperor (Augustus) to help to found Nicopolis near Actium.Description of Greece, Pausanias
  9. Boedromia, a Apollo Boedromios, uma festa militar, em Atenas, — Theseus, Plutarch;
  10. Daphnephoria, a Apollo Ismenius ou Galaxius, em Tebas, na Beócia, — The Encyclopedia Britannica;
  11. Pyanopsia ou Pyanepsia, — The Encyclopedia Britannica; Theseus, Plutarch;
  12. Delphinia, — The Encyclopedia Britannica;

Deus da Profecia (Homero), personificação do Sol, pois era-lhe atribuído o Princípio da Vida, da Morte Súbita, da Cura e da Proteção contra as Forças do Mal. Personifica, também, a Natureza (physis), a Mocidade, a Juventude, porque sendo deus do Sol, o calor deste não envelhece.

O deus da Luz e da Verdade que conscientizava os mortais dos seus pecados e o agente de sua purificação.

  • Pitágoras

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    Pitágoras nasceu por volta de 570 a.C., na ilha de Samos, na qual seu pai, Mnesarchus (The Histories, Herodotus), se estabeleceu e casou-se com Parthenis.

    Mnesarchus e sua esposa, antes de viajar a negócios, como todos os helenos o faziam, foi aconselhar-se no Oráculo de Delfos, que lhe predisse que Parthenis daria à luz a uma extraordinária criança, a qual seria útil a todos os homens, em todos os tempos,

    would bring forth a son surpassing in beauty and wisdom all that ever lived, and who would be of the greatest advantage to the human race in every thing pertaining to the life of man. — Iamblichus, Life of Pythagoras

    Devido a esse oráculo Parthenis adotaria o nome Pythais (Life of Pythagoras, Iamblichus, traduzido por Thomas Taylor) em honra ao deus Apolo Pítio.

    A vida de Pitágoras está envolvolta em mitos fragmentados já na sua concepção, pois seria filho do deus Apolo e até lhe dedicaram poemas, um deles:

    Pythais fairest of the Samian tribe,
    Bore from th' embraces of the God of day
    Renown'd Pythagoras, the friend of Jove.
    Life of Pythagoras, Iamblichus, traduzido por Thomas Taylor,
    e no nascimento é constatada uma marca em uma das coxas - uma mancha dourada -, cuja possibilidade foi difundida.

    Pitágoras

    era considerado por uns um filho de Apolo, por outros uma encarnação do próprio deus, que descera ao mundo dos homens com uma missão terapêutica, e é significativo que Pitágoras só sacrificasse em altares de Apolo, chamasse a si mesmo de um curador, tocasse a lira e desse grande importância à música e à divinação. Ensinando uma doutrina de forte base ética e que enfatizava a harmonia e a pureza, sua influência sobre a cultura grega foi enorme, na mesma época em que o culto de Apolo se disseminava. — Wikipedia.
    Dessa maneira, foi-lhe atribuído o epiteto theiós, theiós anér, e por um bom tempo ofuscou, obscureceu o brilho do Pitágoras mestre nos conhecimentos cientifico e filosófico.

    Pitágoras é contemporâneo dos sábios Buda, Confúcio, Lao-Tsé.

    Desde criança viajou bastante com seu pai Mnesarco, o qual teria trazido alimento à ilha de Samos, em uma ocasião de escassez, e como gratidão foi-lhe concedida a cidadania sâmia.

    Nessas viagens, uma criança já prodigiosa, teve lições com os sábios de vários países por onde passou, já estudando, também, seus costumes e doutrinas, surpreendendo seus professores em conhecimento.

    Pitágoras, como todos os helenos, queria desvendar a arché de tudo e desenvolveu interesse, a princípio, na matemática, filosofia, astronomia e foi discípulo de Tales de Mileto e de seu discípulo Anaximandro, de Hermodamas de Samos e de Ferecides de Sira.

    Pitágoras tinha sede pelo conhecimento, e ficar em Samos já não lhe satisfazia.

    Tales de Mileto aconselhou-o a aumentar o conhecimento no Egito (Isocrates, Busiris), e Polícrates o recomendou com uma carta ao faraó Amasis e apresentou-se como aluno, submeteu-se aos rituais de admissão que todos os que desejavam iniciar ali os estudos passavam, sendo após admitido no templo de Mênfis, no Egito país onde imperava o esplendor do conhecimento, à época era a metrópole do saber (O Legado do Antigo Egito, Warren R. Dawson). Em consequência da invasão persa, Pitágoras foi feito prisioneiro de guerra e levado para a Babilonia, onde os intelectuais dos países subjugados pelos persas ficavam detidos, e aproveitou seu infortúnio aprimorando e aumentando seu conhecimento, porque não havia nesse período um ajuntamento imenso de preciosos sábios de vários países e com conhecimentos tão diversos em um mesmo lugar. Viajou, ainda, para onde houvesse conhecimento que pudesse apreender.

    Voltou à Hélade, mas sua estadia não lhe foi satisfatória, então estabeleceu uma escola na Magna Grécia, em Crotona, a Escola Pitagórica ou Escola Itálica, onde os alunos interessados teriam que se submeter à echemythia regra essa se quebrada a punição seria a morte, instituindo uma educação formal necessária à uma pessoa bem educada e como uma regra de vida ficou determinado que toda ação seria vivida de forma coletiva entre os membros, todo o conhecimento ali desenvolvido seria estudado em uníssono - por isso os resultados obtidos ficaram isentos de autoria individual, assim, a posteridade desconhece a autoria individual dos resultados dos trabalhos causando dúvida se eram ou não de Pitágoras, ou de um dos Pitagóricos, pois que ele mesmo nada reclamou para si e tudo era transmitido oralmente, ficando referenciados somente como os Pitagóricos), mas cada um deles transmitiram o conhecimento com sua própria arché) -, a igualdade dos sexos - pela primeira vez as mulheres foram admitidas em uma Escola

    (...)the most illustrious Pythagorean women are Timycha, the wife of Myllias the Crotonian. Philtis, the daughter of Theophrius the Crotonian. Byndacis, the sister of Ocellus and Occillus, Lucanians. Chilonis, the daughter of Chilon the Lacedaemonian. Cratesiclea the Lacedaemonian, the wife of Cleanor the Lacedzmonian. Theano, the wife of Brontinus of Metapontum. Mya, the wife of Milon the Crotonian. Lasthenia the Arcadian. Abrotelia, the daughter of Abroteles the Tarentine. Echecratia the Phliasian. Tyrsenis, the Sybarite. Pisirrhonde, the Tarentine. Nisleadusa, the Lacedaemonian. Bryo, the Argive. Babelyma, the Argive. And Cleaechma, the sister of Autocharidas the Lacedzmonian.Life of Pythagoras, Iamblichus, traduzido por Thomas Taylor. -,
    lecionando - no sentido moderno da palavra - ética, aritmética, geometria - utilizando o raciocínio dedutivo -, música, astronomia, filosofia, cosmogonia, religião e moral, entre outras desenvolvendo conceitos como cosmos - origina a ordem no mundo -, psique, a ética, a moral, a importância dos números,
    Os números governam o mundo,
    disse Pitágoras -, o destino e a imortalidade da alma após a morte, a "aristocracia do espírito e da virtude".

    Paradoxalmente, a descoberta dos números irracionais, diante de sua incomensurabilidade, ficou em segredo entre os Pitagóricos.

    Pitágoras

    desenvolveu uma complexa teoria musical baseada em um sistema de proporções matemáticas onde os números simbólicos de Apolo ocupam lugar central. — Wikipedia

    Atribui-se, também, a Pitágoras o primeiro emprego da palavra filósofo, termo que se tornou universal, significando os investigadores do absoluto e intérpretes do mundo, estudiosos da sabedoria.Pitágoras e o Tema Do Número, Mário Dias Ferreira dos Santos

    Pitágoras definia a si mesmo um amante da sabedoria. O ascetismo imposto na Escola Pitagórica era o voto do silêncio e o distanciamento dos prazeres materiais. Valorizavam o mundo da mente. O pentagrama foi o símbolo dos pitagóricos.

    Pitágoras foi legislador nessa aristocrática Crotona, na qual influenciou na política e no social.

    Essa escola era também uma Fraternidade Pitagórica, cujos ensinamentos não podiam ser divulgados, e eram transmitidos oralmente.

    Nessa fraternidade havia dois grupos o akousmatikoi e o mathematikoi (The Pythagorean Sourcebook and Library: An Anthology of Ancient Writings Which Relate to Pythagoras and Pythagorean Philosophy David R. Fideler).

    As regras da escola eram rígidas.

    Seus discípulos transmitiram os ensinamentos de Pitágoras cada qual conforme seu próprio entendimento (arché).

    A sociedade, em Crotona, prestigiou-o devido às suas qualidades pessoais que o distinguiram, entre outras, como sua moral, seus princípios de vida, seu talento como orador seja político ou religioso, aumentando-lhe o sucesso, no entanto, posteriormente, foi duramente combatido, precisando até fugir.

    Alguns sábios que foram discípulos, falaram ou escreveram algo de Pitágoras: Hecateu, Nicômaco, Filolau, Empédocles, Arquitas de Tarento, Hipaso, Alcmeon de Crotona, Epicarmo de Cos, Hipodamo de Mileto, Hermipo, Aristóxeno, Antífon, Xenófanes, Porfírio, Sosícrates, Diógenes Laércio, em Vidas e Doutrinas dos Filósofos Ilustres.

    Filósofos são economicos ao mencionar o nome de Pitágoras em suas obras, dando preferência a palavra Pitagóricos.

    1. Aristotle, Metaphysics, Nicomachean Ethics, Rhetoric
    2. Demosthenes, Erotic Essay
    3. Diodorus Siculus, Library
    4. Herodotus, The Histories
    5. Isocrates, Busiris
    6. Pausanias, Description of Greece
    7. Plato, Republic, Gorgias
    8. Strabo, Geography
    9. Xenophon, Anabasis
    10. Flavius Josephus, Against Apion
    11. Epictetus, Discourses
    12. Plutarch, Alexander
    13. Q. Horatius Flaccus (Horace), The Works of Horace
    14. Vitruvius Pollio, The Ten Books on Architecture
    15. Boethius, Consolatio Philosophiae
    16. Pliny the Elder, The Natural History
  • Versos de Ouro

    Pitágoras

    Tradução de Dario Vellozo
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    Preparação

    Aos Deuses imortais o culto consagrado

    Rende; e tua fé conserva. Prestigia

    Dos sublimes Heróis a imárcida lembrança

    E a memória eteral dos supernos Espíritos.

    Purificação

    Bom filho, reto irmão, terno esposo e bom pai

    Sê; e para amigo o amigo da virtude

    Escolhe, e cede sempre a seus dóceis conselhos;

    Segue de sua vida os trâmites serenos;

    Sê sincero e bondoso, e não o deixes nunca,

    Se possível te for; pois uma lei severa

    Agrilhoa o Poder junto à Necessidade.

    Está em tuas mãos combater e vencer

    Tuas loucas paixões; aprende a dominá-las.

    Sê sóbrio, ativo e casto; as cóleras evita.

    Em público, ou só, não te permitas nunca

    O mal; e mais que tudo a ti mesmo respeita-te.

    Pensa antes de falar, pensa antes de agir;

    Sê justo. Rememora: um poder invencível

    Ordena de morrer; e os bens e as honrarias,

    Fáceis de adquirir, são fáceis de perder.

    Quanto aos males fatais que o Destino acarreta,

    Julga-os pelo que são: suporta-os, procura,

    Quão possível te seja, o rigor abrandar-lhes.

    Os Deuses, aos mais cruéis, não entregam os sábios.

    Como a Verdade, o Erro adoradores conta.

    O filósofo aprova, ou adverte com calma.

    E, se o Erro triunfa, ele se afasta, e espera.

    Ouve, e no coração grava as minhas palavras;

    Fecha os olhos e o ouvido a toda prevenção;

    Teme o exemplo de um outro, e pensa por ti mesmo:

    Consulta, delibera e escolhe livremente.

    Deixa aos loucos o agir sem um fim e sem causa;

    Tu deves contemplar no presente o futuro.

    Não pretendas fazer aquilo que não saibas.

    Aprende: tudo cede à constância e ao tempo.

    Cuida em tua saúde: e ministra com método,

    Alimentos ao corpo e repouso ao espírito.

    Pouco ou muito cuidar evita sempre; o zelo

    Igualmente se prende a um e a outro excesso.

    Têm o luxo e a avareza efeitos semelhantes.

    Deves buscar em tudo o meio justo e bom.

    Perfeição

    Que não se passe um dia, amigo, sem buscares

    Saber: Que fiz eu hoje? E, hoje, que olvidei?

    Se foi o mal, abstém-te; e, se o bem, persevera.

    Meus conselhos medita; e os estima; e os pratica:

    E te conduzirão às divinas virtudes.

    Por esse que gravou em nossos corações

    A Tétrade sagrada, imenso e puro símbolo,

    Fonte da Natureza, e modelo dos Deuses,

    Juro. Antes, porém, que a tua alma, fiel

    A seu dever, invoque, e com fervor, os Deuses,

    Cujo socorro imenso, valioso e forte

    Te fará concluir as obras começadas,

    Segue-lhes o ensino, e não te iludirás:

    Dos seres sondarás a mais estranha essência;

    Conhecerás de Tudo o princípio e o termo.

    E, se o Céu permitir, saberás que a Natura,

    Em tudo semelhante, é a mesma em toda parte.

    Conhecedor assim de todos teus direitos.

    Terás o coração livre de vãos desejos,

    E saberás que o mal que aos homens cilicia,

    De seu querer é fruto; e que esses infelizes

    Procuram longe os bens cuja fonte em si trazem.

    Seres que saibam ser ditosos, são mui raros.

    Joguetes das paixões, oscilando nas vagas,

    Rolam, cegos, num mar sem bordas e sem termo,

    Sem poder resistir nem ceder à tormenta.

    Salvai-os, grande Zeus, abrindo-lhes os olhos!

    Mas, não: aos Homens cabe, – eles, raça divina-,

    O Erro discernir, e saber a Verdade.

    A Natureza os serve. E tu que a penetraste,

    Homem sábio e ditoso, a paz seja contigo!

    Observa minhas leis, abstém-te das coisas

    Que tua alma receie, em distinguindo-as bem;

    Sobre teu corpo reine e brilhe a Inteligência,

    Para que, te ascendendo ao Eiter fulgurante,

    Mesmo entre os Imortais, consigas ser um Deus!

    em Hôrto de Lísis, de Dario Vellozo, fundador do Instituto Neo-Pitagórico.

Apolo, esse deus cuja devoção ocorria desde tempos imemoriais, mesmo à época da escuridão (Thomas R. Martin, An Overview of Classical Greek History from Mycenae to Alexander) da antiga Grécia, já estava consolidado no século 8 a.C., um dos protagonistas na Ilíada, o qual escreveu desde seu nascimento em Delos (Hino Homerico a Apolo), à sua glória em Delfos.

O Oráculo de Delfos foi objeto de guerras sagradas, devido à cobiça de alguns povos para dominá-lo. Tornou-se fidedigno e era administrado pela Liga Anfictiônica (existiram várias alianças), para protegê-lo, constituído de um grupo de doze povos.

À toda e qualquer decisão das cidades-estado, o deus Apolo era consultado, no Oráculo de Delfos, seja na política, conflitos bélicos, administrativos, ou mesmo decisões em família, como saúde, viagens, etc. Toda a vida da Hélade era decidida segundo os preceitos do Oráculo de Delfos.

Peã ou Paian, ou Paean (História, Heródoto, traduzido por J. Brito Broca), ou Paeon (História, Heródoto, traduzido por J. Brito Broca), é um hino sacro (Ilíada, Homero), ou um poema lírico, consagrado ao deus Apolo, expressando triunfo, agradecimento, exaltação, entoado por uma só pessoa e/ou um coro, acompanhado pelo instrumento do deus Apolo, a cítara, e um outro instrumento da antiga Grécia, o aulo.

A Peã era entoada para pedir proteção contra o infortúnio, ou para agradecer após essa proteção ter sido prestada.

O fato do deus Apolo ter causado a morte da Píton foi associado com a batalha e a vitória, tornando costume entoar a Peã por um exército em marcha, ou antes de entrar em batalha, ou após a vitória, ou quando uma frota parte do porto.

A Peã foi entoada antes do reinício da batalha naval entre a Córcira e Corinto em uma guerra que antecedeu a Guerra do Peloponeso; na Batalha de Cunaxa e em várias outras guerras, tornando-se um hábito.

O poeta grego Ésquilo que lutou na Batalha de Salamina (e também na batalha de Maratona), comentou sobre o poder da Peã sobre os inimigos (neste caso, os Persas):

All the barbarians felt fear because they had been deprived of what they expected. The Greeks were singing the stately paean at that time not for flight, but because they were hastening into battle and were stout of heart.

Na composição da música, assim como na administração da vida, tanto os mortais como os deuses respeitavam a doutrina naturalista do ethos homérico, e na música: ethikón, ethos praktikón, ethos threnôdes, ou malakón, ethos enthousiastikón; éthos (Platão, Hesíodo, Aristóteles).

Na composição cada ethos influênciava o ouvinte.

Apolo ameaçava e protegia desde o alto dos Céus, presidindo as Leis da Religião e a Constituição das Cidades.

O deus Apolo, no seu esplendor, foi honrado pelos Helenos como patrono da colonização - colonia tinha o significado de um lar longe do lar ou uma casa longe de casa -, por ter aprovado, quando consultado, e orientado no assentamento dos Helenos em terras estrangeiras.

As expedições só partiam após o oráculo dado pelo deus Apolo.

Não emigravam sem antes pedir orientação ao Oráculo de Delfos, que fornecia todas as informações necessárias, indicando o local onde a colonia devia ser assentada (os estudiosos pesquisam a respeito dessas informações).

Não deviam desviar-se dessas orientações como na emigração de Archias, que fundou Siracusa, e Myscellus fundou a cidade de Crotone ou Crotona, os quais tornaram-se assentamentos esplendorosos.

Mas alguns como Dorieus, ou Dorieo de Esparta (Heródoto), filho de Anaxandrides II, desgostoso e atormentado por ter sido preterido à coroação, após a morte do seu pai, decidiu emigrar para fundar uma colonia para si.

Primeiramente, sem consultar o Oráculo, foi para a Líbia, de onde foi expulso. Depois, consultando o Oráculo, partiu em companhia de Thessalus, Paraebates, Celees, Philippus of Croton, filho de Butacides, e Euryleon, porém não obedecendo as instruções recebidas, a expedição foi um desastre (História, Heródoto, traduzido por J. Brito Broca).

Sentida a explosão demográfica no genos os Helenos já buscavam orientação para emigrar junto ao deus Apolo, no Oráculo de Delfos.

Essa tradição religiosa favoreceu a expansão da Hélade em vários outros pontos no seu entorno, permitindo a sua unidade através das tradições religiosas, e culturais, principalmente na Magna Grécia e na Sicília, Península Ibérica, Massalia, norte da África, e costeando o Mar Negro.

  • Genos

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    O genos (by Lewis H. Morgan, Ancient Society, chapter VIII. - The Grecian Gens; Chapter IX. - The Grecian Phratry, Tribe and Nation; Chapter X. - The Institution of Grecian Political Society) foi instituído no período homérico e era uma sociedade, agropastoril, igualitária, sem classe social, e a produção era trabalhada coletivamente e o lucro repartido em igual quantidade. Inexistia a propriedade privada, mas a propriedade da terra estava centralizada no pater-familias.

    O genos era constituído por pessoas com um mesmo laço sanguíneo, descendente de um mesmo antepassado, e seu administrador era o pater-familias que detinha poder absoluto, e os privilégios de sacerdote, juiz, político e chefe militar, e o primogenito herdava esse poder e o privilégio. O pater-familias era revestido com a aura de endeusamento e superioridade. Os membros do genos se identificavam como o filho de.

    Assim, o genos era autossuficiente e tinha autonomia política.

    Mas ao longo do tempo o genos foi se deteriorando, se desfragmentando, devido, principalmente, ao crescimento demográfico no genos que superou estrondosamente a quantidade da terra, somando-se a isso a utilização de técnica naturalista e rudimentar no desenvolvimento das atividades agropastoris, que não permitiram o aumento da produção o suficiente para atender a necessidade da demanda, e assim diminuíndo cada vez mais a renda familiar, causando descontentamento, transtorno entre aqueles que não eram mais agraciados com o resultado agradável do ideal original do genos e gerando violência e até guerra.

    Nessa altura, com essa explosão demográfica no genos diminuiu consideravelmente o quinhão de terra que cabia a cada membro descendente do pater-familias, insuficiente para a exploração economica e até mesmo para a sua própria subsistência, à primeira vista a alimentação.

    Então os legisladores formularam e aplicaram várias soluções para as tensões sociais no genos, por tentativas e erros, como

    1. Teseu (Plut., Thes. 25; História e Cultura: Apologias a Tucídides, por Marshall Sahlins) - herdeiro dos Cecrópidas -;
    2. Drácon escreve as Leis que são afixadas na ágora;
    3. Solon;
    4. Pisístrato, este ascendeu ao poder apoiado pelos diakriói, efetuando uma reforma agrária;
    5. Clístenes.
    6. Mas, essas soluções, só favoreceram o proprietário de terra, o pater-familias e os descendentes mais próximos, e não era o objetivo principal dos pobres, os quais eram os parentes mais afastados do pater-familias.

      Dessa forma o pater-familias e seus descendentes mais próximos reivindicaram a posse da terra, que na época era a riqueza maior, objetivando a divisão, segundo o critério do grau de parentesco: quanto mais próximo o grau de parentesco com o pater-familias, era determinante para o privilégio de obter seu quinhão de terra.

      Aos parentes com laços sanguíneos distantes, que tinha aumentado demasiadamente e empobrecido -

      a pobreza é sempre uma hóspede, escreveu Heródoto -,
      pois que a divisão do quinhão da produção coletiva no genos havia reduzido drasticamente, seria recusado qualquer privilégio.

      Estabelecia-se assim, a propriedade privada da terra e a sociedade dividida em classe social:

      1. eupátridas, os bem-nascidos;
      2. georgoi, pequenos agricultores;
      3. thetas, os sem-teto.

      A alguns nada coube sendo impelidos para a marginalidade, pessoas sem eira e nem beira, destes alguns ousaram a pirataria impulsionando o comércio marítimo, outros emigraram.

      O governo, para deter essa movimentação de pessoas que já eram necessitadas, receosos que poderia acarretar invasão dos bárbaros - aqueles que não eram helenos -, aconteceu uma grande transformação política, economica e social, estabelecendo a sociedade censitária (Sólon) baseada na sua renda anual:

      1. Pentacosimedinas, que tinham renda de 500 dracmas anuais;
      2. Cavaleiros, renda de 300 dracmas;
      3. Zeugitas, com renda de 200 dracmas;
      4. Thetas, - são aqueles que eram do genos e que tinham empobrecido -, não tinham renda suficiente e não podiam ser eleitos para nenhum cargo.

      Seisachthéia libertou aquele que tinha se tornado escravo por dívida (Gustave Glotz, A cidade grega).

      Essa decisão foi importante porque principalmente tinha efeito retroativo. Além disso, tornou sem efeito as hipotecas contraídas no genos, obrigando o eupátrida devolver a posse da terra aos hipotecados.

      O estabelecimento do demos protegeu a liberdade da classe pobre, porque tinha dever e obrigação com o demos. Os privilégios de nascimento, religião, política foram abolidos. Todos os cidadão tinham que estar devidamente registrados no demos:

      1. onoma (prenome),
      2. patronymikon (patronímico) e
      3. dèmotikon (o nome do demo).

      O devedor ficava proibido de dar como garantia sua própria pessoa, impedindo sua escravização.

      Fixou-se a extensão da terra que cada cidadão tinha direito de possuir, para evitar que o nobre avançasse sobre a terra do camponês.

      Os eupátridas foram obrigados a devolver as terras que haviam confiscado dos cidadão, por dívida.

      Mesmo com essas reformas, com o progresso do comércio e da indústria, mas por causa do acúmulo e da concentração de renda nas mãos dos aristocratas, a miséria ainda rondava os thetas, os sem-terra, por falta de rendimento, e alguns escolhiam mendigar pois que para o cidadão o trabalho executado pelo escravo (Aristóteles, Política; Platão) era degradante.

      Os cidadão tinham direito à Assembléia do Povo, a Eclésia, órgão principal de debates coletivo, o coração da democracia, cujo quorum era de 6.000 cidadão para aprovarem ou rejeitarem os projetos trazidos pela Bulé

      Como muitos dos cerca de 40 mil cidadãos atenienses viviam na zona rural e não eram ricos para possuir cavalos, entre 5 mil e 6 mil pessoas compareciam a uma Assembleia — Donald Kagan

      Sófocles, em Antígona, sobre o dinheiro:

      Não há, para os homens, invenção mais funesta do que o dinheiro! Ele é que corrompe as cidades, afasta os homens de seus lares, seduz e conturba os espíritos mais virtuosos, e os arrasta à prática das mais vergonhosas ações! Em todos os tempos tem ensinado torpezas e impiedades!(...) Tradução. J. B. de M ello e Souza

Seu oráculo mais importante estava em Delfos, o Oráculo de Delfos, se tornando o centro religioso, e político, administrativo, mais importante entre os séculos 8 a.C. e 2 a.C., no Monte Parnaso, após conquistada sua guardiã, a serpente Píton, a qual nasceu do lodo da Terra, após o grande dilúvio de Deucalião.

O dilúvio de Deucalião acabou com a Raça do Bronze (Hesíodo, Os Trabalhos e os Dias, e Ovídio, em Metamorfoses).

A Píton é filha de Gaia, a mãe Terra.

O deus Apolo guardou as cinzas da serpente em um sarcófago, enterrando-a sob o omphalos e em sua honra estabeleceu jogos fúnebres, os Jogos Píticos, com o epiteto Apolo Pitio.

"Que o teu corpo seco apodreça nesta terra fértil; não serás mais o flagelo dos mortais que se nutrem dos frutos da terra fecunda, e eles virão imolar-me aqui magníficas hecatombes; nem Tifeu, nem a odiosa Quimera poderão arrancar-te à morte; a terra e o sol no seu curso celeste farão apodrecer aqui o teu cadáver." — Hino homérico

Ao deus Apolo Pitio, Homero dedicou esse hino homérico:

a Crisa, bajo el Parnaso nevado, a la pendiente vuelta hacia el Céfiro; por encima domina una gran roca y por debajo corre una sima hueca: aquí el divino Apolo decidió erigir un bello templo (...) que sea para los hombres un oráculo.

A serpente Píton era vigilante no local, porque era considerado o umbigo do mundo, ou o centro do Universo, a partir do qual teria iniciado a criação do mundo, e representado por uma pedra sagrada, o omphalos, a qual teria sido deixada pelo deus Zeus.

O deus Zeus fez duas águias, ou abutres, voarem de dois pontos opostos do Universo, e elas se cruzaram sobre Delfos, e nesse ponto o deus Zeus determinou o centro do Universo com a pedra >omphalos.

O Monte Parnaso era rico em mananciais de água.

Diodoro Sículo explicou que o motivo da sacralidade do lugar se devia ao fato de Coretas, um pastor à procura de uma de suas cabras, encontrou-a em convulsão, e adentrando na gruta enxergou o passado e o futuro.

Já naquele tempo

Historiadores como Plínio e Diodoro, filósofos como Platão e alguns poetas, além do geógrafo Estrabão, atribuíam os poderes do oráculo a fenômenos geológicos. Uma fenda no centro do Templo emanaria gases alucinógenos que permitiriam o transe da Pitonisa e assim as revelações de Apolo. Segundo Plutarco, o pneuma era apenas um elemento que desencadeava o processo e era indispensável o treinamento da Sacerdotisa, pois se outra pessoa inalasse o gás, nada aconteceria. Além disso, Plutarco também relatou algumas características físicas do gás como seu cheiro, semelhante a um perfume.http://www.rc.unesp.br/biosferas/0074.php

Estrabão (64 a.C.- 25 d.C.) escreveu:

Eles dizem que a sede do oráculo é uma profunda gruta oculta na terra, com uma estreita abertura por onde sobe um pneuma que produz a possessão divina. Um trípode é colocado em cima desta fenda e, sentada nele, a pitonisa inala o vapor e profetiza.

A caminho do Templo Delfos havia uma inscrição na rocha:

Ao bom peregrino basta-lhe uma gota, ao mau, nem um oceano poderia lavar a sua mancha.

A mais conhecida e sagrada era a Fonte de Castália, circundada com um bosque de loureiros, árvore consagrada ao deus Apolo, onde os peregrinos se purificavam mediante ablução.

Castália é uma ninfa, uma Náiade, transformada em nascente de água por Apolo, da qual derivou o nome da Fonte Castália, na base do Monte Parnaso, próxima do templo, onde os peregrinos e os competidores dos Jogos Píticos se lavavam, purificando-se, antes de se dirigirem ao estádio ou ao Templo Delfos.

Castália inspirava aqueles que bebessem de suas águas ou ouvissem o movimento das águas.

Essa água sagrada era utilizada para a limpeza dos Templos de Delfos.

A água dessa fonte podia falar, o que lhe possibilitava dar predição, oráculo.

O Oráculo de Delfos foi um lugar de peregrinação aos deuses, mas não restou resquício dos rituais e práticas causadas pela incompreensão do ser humano e catástrofes naturais.

Mas os escritores Heródoto, Tucídides, Eurípides, Sófocles, Platão, Aristóteles, Píndaro, Ésquilo, Xenofonte, Diodoro, Estrabão, Pausânia, Plutarco, Lívio, Justino, Ovídio, Lucano, Juliano, o Apóstata e Clemente de Alexandria imortalizaram o Oráculo de Delfos, em suas obras.

O Oráculo de Delfos, o mais rico dos Templos, foi objeto de saque na Guerra Mitridática, pois que as legiões romanas na penúria, precisavam de dinheiro para sustentar essa guerra, e também na Guerra do Peloponeso (Sócrates lutou nessa guerra, Potidéia, aliada de Esparta, rebelou-se contra Atenas, e salva a vida de Alcibíades, sobrinho de Péricles, que se tornará político e militar famoso Sócrates.)

  • Sócrates

    Leia+
    (...)"o prêmio
    desta
    bravura
    competia
    por justiça
    a Sócrates.

    Finda a
    guerra,
    porém, os
    generais
    atenienses,
    considerada
    a posição
    social, pois
    Alcebíades
    era
    sobrinho de
    Péricles,
    mostravam-se
    ansiosos
    por conferir
    a glória a
    Alcebíades".(...)

    (...) "desejando
    desenvolver
    no jovem
    Alcebíades
    os
    sentimentos
    de honradez
    nas ações
    militares, foi
    o primeiro a
    depor a
    favor de
    Alcebíades
    e a apelar
    para que lhe
    designassem
    a coroa e a
    panóplia".(...)
    .

Através da Via Sacra, a rua principal do Templo, os peregrinos, nobres ou não, acediam ao Templo de Apolo, o qual estava circundado das várias construções chamadas Tesouros, e o Muro Poligonal, o Iskégaon, no qual havia cerca de 800 ou mais inscrições do séc.3 a.C., e em frente dos quais esses peregrinos passavam, em Procissão.

Os Tesouros foram construídos pelas cidades-estados e outras nações da Antiguidade.

  1. Tesouro de Siracusa;
  2. Tesouro de Cirenea;
  3. Tesouro de Cnido;
  4. Tesouro de Sifnos;
  5. Tesouro de Sición;
  6. Tesouro de Tebas;
  7. Tesouro de Corinto;
  8. Tesouro dos etruscos;
  9. Tesouro dos atenienses.

Nos Tesouros ficavam guardados os ex-votos.

A prática votiva ou ex-votos aos deuses que cultuavam, fazia parte da vida dos habitantes da Hélade, para sentirem-se protegidos, devido a guerra recorrente, assim como a desgraça climática, como seca, terremoto, inundação na Hélade, que eram rotineiros, doenças, negócios, viagens. À classe superior o receio das guerras lhe era penosa; à classe dos comerciantes que sentia a incerteza nos negócios; havia a insegurança durante as viagens marítimas ou à pé, devido as grandes distâncias por causa da pirataria e assalto e também, os riscos que as parturientes corriam - a natalidade nesse período era fundamental e tinha até país que condenava aqueles que ficavam solteiros -, devido a qualquer inexistência de socorro e também os sofrimentos advindos de doenças nos humanos e mesmo nos animais e na agricultura que lhe serviam de subsistência.

Esse ato enchia os helenos de esperança, diminuindo a ansiedade e mesmo que não fossem atendidos, sempre tentavam continuamente e era uma maneira de socializar seus sofrimentos, suas inseguranças, encorajando-os a buscar o apoio nos templos dos seus deuses. A oferta votiva podia ser em dinheiro, metais preciosos ou qualquer objeto, o pinax, confeccionado em madeira ou qualquer outro material como ouro, bronze, mármore, o quais ficavam depositados nos templos dos deuses. Os mais ricos depositavam em uma espécie de capela que era chamada de Tesouro.

Outros Templos também foram saqueados (Vidas Paralelas, Plutarco de Queronea).

Inscrição no Oráculo de Delfos:

Ó homem conhece-te a Ti mesmo e conhecerás todo o Universo e os Deuses, porque se o que procuras não achares primeiro dentro de ti mesmo, não acharás em lugar algum
atribuída a Tales de Mileto.

Para se purificar e expiar - exilou-se por oito anos no vale de Tempe, sob a proteção de um loureiro - por ter cometido o sacrilégio de ter matado a Píton, o deus Apolo instituiu os Jogos Píticos, ao qual tinha que presidir como cumprimento da pena que lhe foi imposta por causa do seu ato.

Jurou proteger o loureiro, oferecendo sua juventude e imortalidade para que essa árvore fosse saudável e longeva, e que iria coroar as cabeças dos heróis.

Os juramentos, ou qualquer promessa por mais simples fossem, tinham que ser rigorosamente cumpridos, porque tinham importância fundamental na Grécia antiga - o não cumprimento das promessas era tido como uma gravíssima ofensa -, seja para o povo, seja para os deuses, os quais poderiam ser lançados no Tártaro.

Antes da realização dos Jogos Píticos, era celebrada uma cerimonia religiosa e a realização de Procissões e após quatro dias dava-se o início às provas dos Jogos Píticos.

Os Jogos Píticos começaram cerca do sec. VI a.C., e se realizavam dois anos depois e dois anos antes dos Jogos Olímpicos e entre cada Jogos Nemeus e Ístmicos.

A competição era semelhante ao dos Jogos Olímpicos, com provas atléticas e hípicas, estando inclusa as competições de música e poesia.

  • Pugilismo nos Jogos Píticos

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    O hoje famoso esporte, o pugilismo, nas provas atléticas, era disputado durante os Jogos Píticos

    O pugilato era um dos mais antigos esportes entre os gregos. Deuses e heróis são apresentados como vencedores em competições de pugilato ou como ilustres pugilistas, por exemplo, Apolo, Héracles, Tideu, Polideuces(742). Teseu teria sido seu inventor(743) e os heróis homéricos já o conheciam e o praticavam(744). A competição para homens foi introduzida nos Jogos Olímpicos na 23ª Olimpíada e para rapazes na 37ª(745). Os lutadores utilizavam uma espécie de luva,  , de couro, enrolada das mãos até a altura do cotovelo, para tornar os golpes mais poderosos. Essas luvas eram utilizadas pelos pugilistas desde as épocas mais remotas e, na épica, parecem ter sido usadas luvas apenas de couro(746), diferentes das fornidas com chumbo e ferro, empregadas posteriormente(747). Um dos métodos mais utilizados pelos lutadores consistia em não iniciar a pugna atacando o antagonista, mas, inicialmente, permanecer na defensiva, para fatigá-lo(748). Era considerada uma grande vitória quando o pugilista derrubava o oponente e saía da luta sem ferimentos, sendo os princípios básicos do esporte infligir golpes e não se expor a perigos, (749). O pugilista utilizava seu braço direito principalmente para o ataque e o esquerdo como proteção para sua cabeça, pois a maior parte dos golpes eram dirigidos à parte superior do corpo, e os ferimentos na cabeça eram muito perigosos e, muitas vezes, fatais. Em algumas representações de pugilistas, o sangue é visto escorrendo de seus narizes, e os dentes estão freqüentemente quebrados(750). As orelhas, especialmente, estavam expostas a grande perigo e, no caso dos que lutavam com freqüência, eram geralmente muito mutiladas(751). Para protegê-las de golpes mais severos, coberturas de metal,  , eram utilizadas, as quais, no entanto, não eram empregadas em competições públicas, mas apenas nos ginásios e palestras, ou nas competições para rapazes(752). O esporte era regulado por algumas regras: os pugilistas não poderiam se abraçar ou usar os pés para derrubar os adversários(753). Casos de morte durante ou logo após a luta parecem ter sido freqüentes(754), mas havia punições para esse tipo de acidente(755), cf. nota 27(a). Se ambos os lutadores se mostravam cansados sem, no entanto, querer desistir da luta, poderiam descansar por alguns instantes(756). A luta terminava apenas quando um dos oponentes, batido pelo cansaço ou por ferimentos, declarava-se vencido, geralmente levantando a mão(757), ou em caso de nocaute(758). O esporte era mais largamente difundido entre os jônios do que entre os dórios e parece ter sido proibido por Licurgo em Esparta(759). Era considerado como um treinamento útil para finalidades militares e, como parte da educação, era tido por não menos importante do que outros tipos de exercícios ginásticos(760), sendo recomendado até mesmo como remédio contra vertigens e dores de cabeça crônicas(761)Araujo, Alisson Alexandre de

Os vencedores eram laureados com uma coroa de louros da cidade de Tempe, na Tessália.

Para chegar ao local onde aconteciam os Jogos Píticos, os competidores tinham que subir 500 degraus.

Às vezes ele concedia o dom da profecia aos mortais que ele amava, tal como a princesa Cassandra, de Tróia.

Apolo era músico e encantava os deuses com seu desempenho com a lira. Era também um arqueiro-mestre e excelente corredor, sendo creditada a ele a primeira vitória nos Jogos Olímpicos.

Sua irmã gêmea, Ártemis, era a guardiã das virgens e das mulheres jovens, e Apolo era o protetor dos moços. Era também o deus da Agricultura, do Gado, da Luz e da Verdade. Ensinou aos humanos a arte da Cura. Algumas mitologias retratam Apolo como severo e cruel.

Apolo atendeu às orações do sacerdote Crísias para obter a libertação de sua filha das mãos do general grego Agamenon, atirando flechas envenenadas contra o exército grego (Iliada, Homero).

O deus Apolo e o deus Zeus foram os mais venerados na Antiguidade clássica.

As primeiras referências literárias a Apolo se encontram em Homero, na própria fundação da literatura grega. E neste momento o deus já aparecia tão carregado de atributos que o poeta considerava difícil escolher por onde começar seu elogio. Como fica evidente, apesar das incertezas sobre a origem do mito e da ausência de documentação anterior, no século VIII a.C. ele já estava consolidado.
Apolo é citado na Odisseia, é o foco de um dos Hinos Homéricos, e é um dos deuses protagonistas na Ilíada, e dessas fontes provêm as primeiras descrições de sua história.
— Wikipedia

No sec. VI a.C., os Tiranos desejosos de enfraquecer e quebrar a hegemonia da aristocracia dominante estimularam a expansão de quaisquer cultos populares, incentivando, entre eles, o Orfismo, originário da Trácia, que teve imensa difusão, a qual pregava a imortalidade da alma, que migrava de um corpo para outro, purificando-a, a disciplina moral rigorosa e a vida beata após a morte.

Para Platão, o deus Apolo personificava o Logos, o Verbo.

O deus Apolo personificava o ideal da Paideia - Platão, Homero, Aristófanes, As Nuvens -, cujo objetivo era

a formação de um cidadão perfeito e completo, capaz de liderar e ser liderado e desempenhar um papel positivo na sociedade. — Wikipedia

No ideal da Paideia, o deus Apolo era Apolo Likeios, originando o Liceu, lugar de aprendizado.

Os deuses Apolo, Afrodite e Hermes formavam uma trindade que mediava entre os deuses superiores do Universo e os mortais; Hermes elevava a alma para o conhecimento do Bem, Afrodite, para o conhecimento da Beleza, e Apolo para o conhecimento da Luz, da Verdade e da Razão (Proclo, Teologia Platônica e Philebus).

Alguns escritores, da Grécia antiga, que escreveram sobre o deus Apolo: Calímaco, Píndaro, Alkaios, Ésquilo, Platão, Proclo, Ovídio, Horácio, Virgílio, Demóstenes, Diodoro Sículo.

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Deus da guerra e filho de Zeus e Hera (Hesíodo, Teogonia; Higino, Fabulae; Pseudo-Apolodoro, Biblioteca).

No panteão romano é Marte.

O deus Ares, personifica a natureza brutal da guerra. É honrado, cultuado, em Esparta, onde havia uma estátua sua, acorrentado, simbolizando que o espírito da guerra e da vitória jamais abandonaria essa cidade-estado (Pausanias).

Foi honrado na Cítia.

O deus Zeus, lhe diz:

Para mim, você é o mais detestável dos deuses que mantêm o Olimpo,Iliada, Homero
para sempre a luta é mais querida para você, e guerras e matançaIliada, Homero

Ao deus Ares quando foi ferido, o deus Zeus, seu pai disse-lhe:

Divindade inconstante, exclama, cessa de importunar-me com os teus lamentos! De todos os habitantes do Olimpo, tu és o que eu mais odeio, pois só amas a discórdia, a guerra, a carnificina. Tens, sem dúvida, o intratável caráter de tua mãe Hera, que as minhas ordens soberanas mal conseguem domar. Os males que suportas hoje são o fruto dos seus conselhos. Mas não quero que sofras por mais tempo, visto que sou teu pai.Ilíada, Homero.

Seu lugar de nascimento e seu verdadeiro lar era na Trácia, entre os bárbaros e trácios (A Arte de Amar, Ovidio; Iliada, Homero.

Corvos, cães, a coruja de celeiro, o pica-pau, o bubo, o abutre e os pássaros Ornithes Areioi (Os Argonautas, Apolônio de Rodes; Higino, Fabula), que lançavam suas penas em forma de dardos, ou os pássaros do Lago Estínfalo lhe eram sagrados.

O acompanhavam na batalha:

  1. A deusa Afrodite, deusa do amor, e seus filhos (Teogonia, Hesíodo),
  2. Deimos, personificava o Temor e
  3. Fobos, personificava o Tumulto;
  4. a deusa Eris - da Discórdia -

    Deusa que, fraca no nascimento, cresce e em breve oculta a cabeça no céu, enquanto os pés lhe permanecem na Terra; é ela que, atravessando a multidão dos guerreiros, derrama em todos os corações o ódio fatal, precursor da carnificina. Faz retumbar a voz, dá gritos alucinantes, terríveis, e lança no coração de todos os guerreiros impressionante coragem. Apraz-se em ouvir os gemidos do soldado que morre e, quando todos os deuses se retiram do combate, é a única que permanece no campo de batalha para dar, como pasto aos olhos, o espetáculo dos mortos e dos moribundos. — Homero
  5. a deusa Ênio, deusa da Guerra e da Violência;
  6. Enyalios, seu filho com a deusa Ênio;
  7. o deus Polemo, casado com a deusa Húbris, personificação da Arrogância e da Insolência (Esopo, Fábulas), ou Hybris, filha de Érebo e Nix (Higino, Fábulas);
  8. Heráclito diz que o deus Polemos é "rei e pai de tudo", "revela os deuses numa mão e os humanos noutra, faz escravos numa mão e liberta-os noutra".

  9. a deusa Alala, personificação do Grito de Guerra, cujo grito Ares adotou como seu próprio grito de guerra;
  10. A deusa Alala é filha do deus Polemos (Píndaro, Dithyrambs).

    Os gritos de guerra ainda são muito utilizados por todos os paises.

  11. as deusas Queres, personificam a Morte Violenta, a morte antes de chegada a hora, Destino Cruel, Fatal e Impossível de Escapar, punindo os mortais pelos seus crimes (Homero), e nenhum mortal podia escapar delas (Hesíodo), segundo Cicero, é filha de Érebo e Nix, e diz que seu nome em latim é Tenebrae.
  12. As deusas Queres eram:

    • Anaplekte, deusa da Morte Rápida,
    • Akhlys, deusa da Névoa da Morte,
    • Nosos, deusa da Doença,
    • Ker, deusa da Destruição,
    • Stygere, deusa do Ódio,
    • e as deusas Queres modernas:

    • Híbris, deusa do Orgulho,
    • Limos, deusa da Fome,
    • Poinê, deusa do Castigo.
    • As deusas Queres levavam as almas dos mortos do campo de batalha ao Hades. Cada uma infligia aos mortais um tipo específico de morte violenta.

      As Queres foram imortalizadas pelos escritores Homero, Quinto de Esmirna, Hesíodo, Pausanias em Description of Greece, Simônides de Ceos, Teógnis de Mégara, Mimnermo, Ésquilo, Sófocles, Eurípedes, Apolônio de Rodes.

O deus Ares usava uma quadriga, com Rédeas de Ouro, uma carroça puxada por quatro cavalos, os quais eram imortais e soltavam fogo pelas narinas (Iliada, Homero).

Acreditavam que o Velo ou Velocino de Ouro - atraía a prosperidade a quem o possuísse - estava em Cólquida, pendurado em um carvalho, uma árvore consagrada ao deus Ares (Apolodoro, Biblioteca).

De Cólquida, os gêmeos Castor e Pólux trouxeram à Lacônia, também conhecida por Lacedemónia, a estátua de Ares, no caminho de Esparta a Terapnas (Pausanias).

Os Aloídas, os quais são os gêmeos Oto e Efialtes, dotados de grande beleza (Homero), são gigantes, e filhos de Poseidon e Ifimedia, ou filhos de Oceano e Tétis, queriam promover desordem no Monte Olimpo e sequestraram o deus Ares e o mantiveram preso em uma jarra de bronze por treze meses lunares. Hermes, sabendo por Eriboea do fato, o soltou. Zeus castigou os gêmeos enviando-os ao Tártaro, e os amarraram a uma coluna cercada de serpentes com a deusa Estige, metamorfoseada de coruja, gritando continuamente, torturando-os perpetuamente.

"Ares, também, já sofreu, quando foi em possantes cadeias
acorrentado por Oto e Efialtes, de Aloeu descendentes.
E, porventura, perdera a existência o insaciável guerreiro,
se Peribeia, a formosa, madrasta dos dois, a ocorrência
a Hermes houvesse ocultado. Este, a furto livrar ainda pôde
a Ares exânime quase, que assaz as prisões o abatiam.
Iliada, Homero

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Filho de Apolo e da ninfa Cirene. Era adorado como o protetor dos caçadores, pastores e rebanhos, e o pioneiro da Apicultura e da Arte de cultivar azeitonas, a Arte dos laticínios, que aprendeu com as Musas e as Ninfas.

Quando Aristeu tentou seduzir Eurídice, a esposa do célebre músico Orfeu, ela fugiu dele e acabou sendo mortalmente ferida com a picada de uma cobra. As Ninfas o puniram fazendo todas as suas abelhas morrerem.

Tendo morrido suas abelhas ele recorreu à ajuda de sua mãe. Chegando junto ao rio onde ela vivia, assim disse:

Oh mãe, o orgulho de minha vida me foi roubado! Perdi minhas preciosas abelhas. Meu cuidado e diligência de nada valeram e tu, minha mãe, não me poupaste esse golpe do destino.

Sua mãe ouviu essas queixas quando se encontrava sentada em seu palácio no fundo do rio, tendo em torno de si as ninfas suas servas, empenhadas nas ocupações feminis, fiando e tecendo, enquanto uma delas contava histórias, para divertir as demais. A triste voz de Aristeu interrompeu sua ocupação. Uma das ninfas levantou a cabeça acima da água e, vendo Aristeu, foi comunicar o fato a Cirene, que ordenou que o filho fosse levado à sua presença. Cumprindo sua ordem, o rio se abriu e deixou passar o pastor, conservando-se ereto, como uma montanha, de ambos os lados. Aristeu desceu à região onde ficam as fontes do grande rio. Viu os enormes receptáculos e quase ensurdeceu com o barulho das águas, que corriam em várias direções, para banhar a face da terra. Chegando aos aposentos de sua mãe, foi hospitaleiramente recebido por Cirene e suas ninfas, que serviram uma mesa com as iguarias mais finas. Em primeiro lugar, fizeram libações a Netuno, depois deleitaram-se com os manjares e, finalmente, Cirene assim se dirigiu ao filho:

— Há um velho profeta chamado Proteu, que mora no mar e é favorito de Netuno, cujo rebanho de focas apascenta. Nós, as ninfas, dedicamos-lhe grande respeito, pois ele é um sábio, que conhece todas as coisas, passadas, presentes e futuras. Ele pode dizer-te, meu filho, a causa da mortalidade de todas abelhas e o meio de remediá-la. Não o fará, porém, voluntariamente, por mais que lhe implores. Deves obrigá-lo a falar pela força. Se te apoderares dele e o acorrentares, ele responderá às tuas perguntas a fim de ser posto em liberdade, pois, apesar de todas as suas artes, não conseguirá escapar, se o prenderes em cadeias apertadas. Levar-te-ei à sua gruta, onde ele chegará ao meio-dia, para repousar. Será fácil, então, para ti apoderar-se dele. Quando, porém, se vir aprisionado, recorrerá ao poder que possui de mudar de forma. Transformar-se-á em um javali, em um tigre feroz, em um dragão coberto de escamas ou em um leão de amarela juba, ou produzirá um ruído semelhante ao crepitar do fogo ou à água corrente para tentar fazer com que soltes a cadeia, quando então, fugirá. Bastar-te-á, contudo, mantê-lo preso e ele, quando perceber que todos os seus artifícios são inúteis, voltará à sua forma primitiva e obedecerá às tuas ordens.

Assim dizendo, aspergiu no filho o perfumado néctar, a bebida dos deuses, e, imediatamente, Aristeu sentiu no corpo um vigor desconhecido e no coração grande coragem, enquanto um perfume suave rescendia em torno.

A ninfa levou o filho à gruta do profeta e escondeu-o entre os recessos dos rochedos, enquanto ela própria se colocava atrás das nuvens. Ao meio-dia, à hora em que os homens e os rebanhos fogem do sol ardente, para dormitar durante algum tempo, Proteu saiu da água, seguido pelo seu rebanho de focas, que se espalharam pela praia. Proteu sentou-se no rochedo e contou o rebanho, depois estendeu-se no chão da gruta e adormeceu. Sem perder tempo, Aristeu acorrentou-o e deu um grito. Acordando e vendo-se acorrentado, Proteu imediatamente recorreu às suas artes, transformando-se primeiro numa fogueira, depois em água, depois numa fera horrível, em rápida sucessão. Verificando, porém, que de nada valia, recuperou sua própria forma e dirigiu-se ao jovem, irritado:

— Quem és tu, ousado jovem, que assim invades minha morada, e que queres de mim?

— Já sabes, Proteu, pois é inútil tentar iludir-te — respondeu Aristeu. —E deves, tu também, cessar os esforços para iludir-me. Aqui vim com a ajuda divina, para saber a causa do meu infortúnio e o meio de remediá-lo.

A estas palavras, o profeta, fixando em Aristeu os olhos penetrantes, assim falou:

— Recebes a merecida recompensa pelos teus atos, que fizeram Eurídice encontrar a morte, pois, fugindo de ti, ela pisou numa serpente, de cuja dentada morreu. Para vingar sua morte, as ninfas, suas companheiras, lançaram a destruição às tuas abelhas. Tens de apaziguar a ira das ninfas e, para isso, assim deves fazer: escolhe quatro touros, de perfeito formato e tamanho, e quatro vacas de igual beleza, constrói quatro altares para as ninfas e sacrifica os animais, deixando suas carcaças no chão do bosque coberto de folhas. A Orfeu e Eurídice deveras render honras fúnebres suficientes para aplacá-los. Voltando depois de nove dias, examinarás as carcaças dos animais e verás o que aconteceu.

Aristeu seguiu fielmente essas instruções. Sacrificou os animais, deixou suas carcaças no bosque, prestou as honras fúnebres às sombras de Orfeu e Eurídice. Então, voltando no nono dia, examinou as carcaças dos animais e — maravilha! — um enxame de abelhas tomara posse das carcaças e trabalhava como numa colméia. — Thomas Bulfinch, O Livro de Ouro da Mitologia, (A Idade da Fábula), Histórias de Deuses e Heróis, Tradução David Jardim Júnior

Aristeu era conhecido nas Artes da Cura e da Profecia, e vagou por muitas terras para compartilhar seu conhecimento aprendido com as Musas e as Ninfas, com os mortais e curar doentes. Era largamente venerado como um deus beneficente e era representado como um pastor juvenil carregando um cordeiro.

O mel era utilizado para fins medicinais, e também para a estética e a culinária.

Julgo igualmente engano esquecer a oliveira, porque é certo que a abundância de oliveiras favorece a multiplicação dos enxamesNaturalis Historia, Plinio

As abelhas ao reclamarem ao deus Zeus que todos queriam o mel, dele ouviram:

Recusas dividir o que eu te preparei especialmente para fazer a colheita? Pois como castigo, de hoje em diante, quando picares algum animal, além de perder o ferrão, também morrerás em seguida! — Esopo
  • Abelha

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    em Geórgicas, de Virgílio

    Pois vou agora prosseguir cantando
    os dons divinos do celeste mel,
    peço Mecenas, que ouças o que digo
    de maravilhas de pequenas coisas,
    dos grandes chefes dum inteiro povo,
    de seus costumes, de seus interesses,
    espécies várias e de seus combates,
    tudo por ordem que lhes é devida.
    Pequeno é o trabalho, grande a fama,
    se é que uns adversos deuses não se opõem,
    se é que me escuta um invocado Apolo.
    Antes de mais, teremos de escolher,
    para dar às abelhas o lugar próprio
    a que não chegue o vento, pois os ventos
    não deixariam que elas recolhessem
    o que do pasto trazem, e também
    o que não venha perturbar a ovelha,
    petulante cabrito esmagar flor
    e por onde não passem as novilhas
    que, vagabundas, vão pisando as ervas
    e sacudindo quanto orvalho haja.
    Longe estejam também de seus apriscos
    lagartos sarapintados e escamosos,
    ave que apanhe vespa, ou outro pássaro,
    mais que nenhum a Procne em cujo peito
    há os sinais de suas mãos sangrentas,
    já que estas aves levarão a tudo
    o que devastar podem com seus bicos,
    à própria abelha pegam quando voam
    e põem nos seus ninhos onde o filho
    dela faz alimento precioso,
    Há ainda na vida das abelhas
    uma outra maravilha de espantar
    que é não se abandonarem ao amor,
    é não serem cobardes ante Vénus;
    nem é na dor que dão à luz os filhos:
    sozinhas com a tromba os alevantam,
    os recolhem das ervas e das folhas,
    sozinhas dão reis novos se é preciso,
    sozinhas a seus reis dão cidadãos
    e sozinhas dão restauram suas cortes,
    as do reino de cera a que pertencem.
    Certo que chegam cedo ao fim da vida,
    não indo nunca alé de sete Estios;
    é contudo imortal a sua raça,
    fortuna da família vence os anos,
    fácil é encontrar avós de avós(...)

    Veja o original no site:

    portugalromano.com

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Asclépio personifica o deus da Medicina e da Cura. Filho de Apolo e da mortal Coronis, filha de Flégias, o governante da Tessália (Píndaro ou Píndaro de Cinoscefale ou Píndaro de Beozia).

Pausanias, em Descrição da Grécia, escreve:

Asclepio nacido para la esperanza y alivio de todos los mortales, que nació de Coronis la hija de Flegias luego de ser mi amante pronto se hizo madre; siendo Asclepio, el fruto de nuestra amor. Es que yo digo, nació en la roca de Epidauro.

Em sua iconografia havia uma cobra enrolada em um bastão ou cajado, abacaxi, coroas de louro, uma cabra ou um cão.

No panteão romano é Esculápio.

Apolo resgatou o nascituro Asclépio do ventre de Coronis, após esta expirar, não sem antes exclamar:

"Oh Febo Apolo, decerto eu mereci esta punição, mas por que não esperaste até que eu desse à luz ao nosso filho? Agora ambos morremos! — Ovídio, Metamorfoses

Após essa tragédia que o corvo do deus Apolo os envolveu, foi amaldiçoado, tendo suas penas brancas se tornado negras (Ovídio, Metamorfoses).

Asclépio foi entregue ao centauro Quíron para ser educado, com o qual aprendeu a arte da cura, e os conhecimentos com as ervas, principalmente medicinais - todos os deuses tinham grande conhecimento das plantas medicinais -, e logo se tornou um grande médico.

Na Ilíada, de Homero, era um mortal, rei de Tricca, e ensinou aos filhos, Podalírio (Quinto de Esmirna, A Queda de Troia,) e Macaão, a medicina, a arte de curar, e seria um personagem real, que teria existido cerca de 1.200 a.C.

Sobre Macaão, Pausanias, em Descrição da Grécia escreveu

Toltibio, llama pronto a Macaón, hombre hijo del insigne médico Asclepio,

Por Asclépio ameaçar a ordem natural do Universo ao ressuscitar os mortos (Diodoro Sículo ou Diodoro da Sicília), Zeus o matou com os raios. O deus Apolo transtornado com a morte de Asclépio, matou os Ciclopes, que forjavam raios e relâmpagos para o deus Zeus (Apolodoro de Atenas, Bibliotheca). Em Alceste, de Eurípides ou Eurípedes, o deus Apolo teria matado os filhos dos Ciclopes.

O culto à Asclépio centralizou-se em Epidauro, onde à entrada lia-se:

Puro deve ser quem entra no templo odoroso; pureza significa ser sábio nas coisas sagradas,
mas era popular por todo o mundo antigo, fazendo Apuleio, ou Lúcio Apuleio, comentar:
Esculápio por toda parte.

Até na península ibérica foram encontrados restos de antigos templos de Asclepio em Ampurias (sec. IV a.C.), e na Almoina (sec. II a.C.).

Os santuários de Asclépio eram refúgios para restabelecer a saúde, onde regimes terapêuticos tais como exercícios e dietas eram prescritos. A prática mais importante associada com as curas era o ritual da incubação, em que as pessoas aflitas eram adormecidas dentro de um templo ou cerco sagrado na esperança de que o deus viesse ter com eles em seus sonhos e prescrevesse a cura para suas doenças.

Escritores, ou não, que o mencionaram: Teodoreto de Cirro, Lactâncio ou Lucio Célio Firmiano Lactâncio, Platão, Tertuliano, Rufus de Éfeso, Élio Aristides, Lúcio Aneu Cornuto, Alejandro de Abonutico, Luciano de Samosata, Justino Mártir, Platão, Justino, ou Justino Mártir, ou Justino de Nablus.

Ainda hoje, o cajado de Asclépio continua a ser o símbolo da medicina.

O original Juramento de Hipócrates:

I swear by Apollo the physician, and Aesculapius the surgeon, likewise Hygeia and Panacea, and call all the gods and goddesses to witness, that I will observe and keep this underwritten oath, to the utmost of my power and judgment.

I will reverence my master who taught me the art. Equally with my parents, will I allow him things necessary for his support, and will consider his sons as brothers. I will teach them my art without reward or agreement; and I will impart all my acquirement, instructions, and whatever I know, to my master's children, as to my own; and likewise to all my pupils, who shall bind and tie themselves by a professional oath, but to none else.

With regard to healing the sick, I will devise and order for them the best diet, according to my judgment and means; and I will take care that they suffer no hurt or damage.

Nor shall any man's entreaty prevail upon me to administer poison to anyone; neither will I counsel any man to do so. Moreover, I will give no sort of medicine to any pregnant woman, with a view to destroy the child.

Further, I will comport myself and use my knowledge in a godly manner.

I will not cut for the stone, but will commit that affair entirely to the surgeons.

Whatsoever house I may enter, my visit shall be for the convenience and advantage of the patient; and I will willingly refrain from doing any injury or wrong from falsehood, and (in an especial manner) from acts of an amorous nature, whatever may be the rank of those who it may be my duty to cure, whether mistress or servant, bond or free.

Whatever, in the course of my practice, I may see or hear (even when not invited), whatever I may happen to obtain knowledge of, if it be not proper to repeat it, I will keep sacred and secret within my own breast.

If I faithfully observe this oath, may I thrive and prosper in my fortune and profession, and live in the estimation of posterity; or on breach thereof, may the reverse be my fate!

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A deusa Atena, ou Palas Atena, personificação da Guerra, da Civilização, da Sabedoria, do Conhecimento, da Estratégia em Batalha, das Artes, da Justiça, da Habilidade, da Indústria, da Agricultura.

Protetora dos Trabalhos Femininos e da Atividade Intelectual.

Entre seus presentes aos mortais estavam a invenção do arado, a arte de domesticar animais, construção de navios e a confecção de sapatos.

Filha de Zeus e de Métis, deusa da Prudência. Quando Métis estava grávida, Zeus a engoliu, por temer que seu filho viesse a destroná-lo (em Teogonia, Hesíodo).

A deusa Atena nasceu adulta, já armada e com o elmo do Saber, da cabeça do deus Zeus, cuja cabeça o deus Hefésto abriu, utilizando o labrys.

Além de estar paramentada com o elmo, está com a égide no braço - personificando a Guerra - e uma lança na mão, um mocho e instrumentos de matemática - personificando as Ciências e as Artes.

No panteão romano é Minerva.

A deusa Atena é a Senhora Protetora da Acrópolis de Atenas.

As Cárites: Aglaia, personifica Brilho, Beleza; Eufrosina, personifica Alegria, Prazer; Talia, personifica Abundância, são divindades da Beleza, da Alegria de Viver. São deusas que alegram a vida, dos mortais e dos deuses. Habitam o Olimpo, em companhia das Musas e com estas formam o Coro. Fazem parte do cortejo de Afrodite, Eros e Dioniso. Exercem influência benéfica sobre os trabalhos intelectuais e as obras de arte, por isso, também acompanhantes da deusa Atena.

A deusa Atena é "a filha querida" do deus Zeus (Ilíada, Homero).

Foi honrada em toda Grécia antiga, e também nas colônias gregas da Península Ibérica, do norte da África e proximidades da Índia.

Foi uma das deusas mais reproduzidas nas artes gregas e sua simbologia influenciou o pensamento grego, particularmente nos conceitos de Justiça, de Sabedoria, exposto Eumênides, de Ésquilo:


"Prestai toda a atenção ao que instauro aqui,
atenienses, convocados por mim mesma
para julgar pela primeira vez um homem,
autor de um crime em que foi derramado sangue.
A partir deste dia e para todo o sempre
o povo que já teve como rei Egeu
terá a incumbência de manter intactas
as normas adotadas neste tribunal
na colina de Ares, onde as Amazonas,
iradas com Teseu, instalaram seus tronos
e ergueram suas tendas quando aqui chegaram
na tentativa de conquistar a cidade;
em frente à fortaleza dos atenienses
elas ergueram as muralhas altaneiras
da nova cidadela; nas proximidades
fizeram santos sacrifícios ao deus Ares,
dando por isso à elevação rochosa
o nome preservado de Colina de Ares.
Sobre esta elevação digo que a Reverência
e o Temor, seu irmão, seja durante o dia,
seja de noite, evitarão que os cidadãos
cometam crimes, a não ser que eles prefiram
aniquilar as leis feitas para seu bem
(quem poluir com lodo ou com eflúvios turvos
as fontes claras, não terá onde beber).
Nem opressão, nem anarquia: eis o lema
que os cidadãos devem seguir e respeitar.
Não lhes convém tampouco expulsar da cidade
todo o Temor; se nada tiver a temer,
que homem cumprirá aqui os seus deveres?
Se fordes reverentes ao poder legítimo,
nele tereis um baluarte inexpugnável
de vosso território e de vossa cidade,
como nenhum povo possui nem lá na Cítia,
nem mesmo na famosa pátria do herói Pêlops.
Proclamo instituído aqui um tribunal
incorruptível, venerável, inflexível,
para guardar, eternamente vigilante,
esta cidade, dando-lhe um sono tranqüilo.
Eis a mensagem que vos quero transmitir,
atenienses, pensando em vosso futuro.
Levantai-vos agora de onde estais, juizes,
e decidi com vossos votos esta causa."

Quando Orestes foi julgado perante os doze cidadãos, ocorreu o empate, e a deusa Atena proferiu o voto de desempate, a favor do julgado. Neste momento, esse voto de desempate ficou conhecido como Voto de Minerva.

Atena foi forte defensora dos gregos na Guerra de Tróia. O Cavalo de Tróia -

um dia o divino Ulisses introduziu na cidadela, pesado de guerreiros, que saquearam ÍlionMitologia Grega, de Juanito de Souza Brandão -
foi estratagema da deusa Atena, executado por Epeu (Quinto de Esmirna, A Queda de Troia). Depois da queda de Tróia, entretanto, os gregos não respeitaram o Templo de Atena em que a profetisa Cassandra procurou abrigo. Como castigo, tempestades enviadas pelo deus do Mar, Poseidon, a pedido de Atena, destruiu a maioria dos navios gregos que retornavam de Tróia.

Em notas de Manoel Odorico Mendes, ao livro II, de Ilíada, de Homero: Minerva manda Ulisses impedir a partida, e recomenda-lhe bons termos e doçura; mas o sábio entendeu que isso era para os magnatas, e levou o povo a golpes de cetro. É antiquíssimo haver duas justiças, uma para os figurões e outra para os pequenos. É aqui Homero fiel historiador.

A cabeça de Medusa foi colocada por Atená em seu escudo ou no centro da égide. Assim, os inimigos da deusa eram transformados em pedra, se olhassem para ela.

Algumas das festividades à deusa Atena:

  1. Atenéias;
  2. Panatenéias, instituído pelo Tirano Pisístrato; os vencedores nas Panatenéias eram recompensados com óleo das oliveiras sagradas de Atená;
    Las Panateneas celebraban la solidaridad de la comunidad ateniense, representada en la gran Procesión de todos los ciudadanos caminando hacia el templo de la diosa para ponerse bajo su protección. En estas fiestas se celebraban también los juegos atléticos y los vencedores recibían como premio el ánfora panatenaica, llena del aceite de los olivos sagrados de Atenea;
  3. Proerósias, "sacrifícios antes da lavra", festas instituídas posteriormente por Atenas, para atender a uma resposta do Oráculo de Delfos, quando de uma fome;

Epitetos da deusa Atena:

  1. Atrytone
  2. Parthénos
  3. Promachos
  4. Glaukopis
  5. Aethyia
  6. Cydonia
  7. Tritogeneia
  8. Areia
  9. Ageleia
  10. Itonia
  11. Ergane
  12. Parthenos
  13. Polias
  14. Hippeia
  15. Athena Hygieia

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Graças ou Cárites, são as três deusas, Aglaia, Eufrosina e Tália, que personificam a Alegria, o Encanto, o Júbilo, a Gratidão, a Gentileza, a Graciosidade, o Charme, a Beleza, a Recreação, a Decoração com Flores, a Felicidade, o Descanso e o Relaxamento, o Embelezamento e os Prazeres da Vida. São filhas de Zeus e da ninfa Eurínome (em Teogonia, de Hesíodo). Chamavam-se Aglaia, Eufrosina e Tália (Hesíodo).

Os escritores que atribuem às Cárites outros pais: Biblioteca, de Pseudo-Apolodoro; Nono de Panópolis, Dionisíaca; Homero, Ilíada; Pausânias, Descrição da Grécia.

As Graças presidiam sobre os banquetes, danças e todos os outros eventos sociais agradáveis, trazendo alegria e boa vontade tanto para os deuses quanto para os mortais. Eram as acompanhantes especiais das divindades do amor, Afrodite e Eros, e também de Hera e Hermes (Hesíodo), e junto com as Musas (Teogonia, Hesíodo), cantavam aos deuses no Monte Olimpo, dançando lindas músicas que o deus Apolo produzia em sua lira.

Em Teogonia, Hesíodo, Aglaia casou-se com Hefaístos, o artesão dos deuses. Seu casamento explica a tradicional associação das Graças com as artes, as quais devotavam a perfeição; como as Musas, elas davam o dom aos artistas e poetas para a criação de lindos trabalhos de arte. As Graças raramente eram tratadas como indivíduos, mas sempre como uma espécie de encarnação tripla de Graça e Beleza. Na arte elas normalmente são representados como jovens virgens dançando num círculo.

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Posted by criptopage
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